Logo após os incidentes registrados durante a partida entre Atlético-MG e Flamengo, pela final da Copa do Brasil, a administração da Arena MRV e as forças de segurança de Minas Gerais iniciaram o processo de identificação dos torcedores que arremessaram bombas, pularam as catracas do estádio e tentaram invadir o gramado.
Para isso, o sistema de segurança do estádio, com câmeras e outros itens, foi acionado. A Arena MRV conta com mais de 350 câmeras espalhadas pelo estádio, além de drones que monitoram os arredores do bairro California, na região noroeste de Belo Horizonte.
O monitoramento em dias de jogos é realizado no Centro de Controle de Operações (CCO) da Arena. Nesta sala, reúnem-se os agentes do estádio e também de segurança pública e privada, para uma operação coordenada.
“A gente brinca que é o cérebro da Arena. Aqui [no CCO], estão todos os órgãos de segurança, todos os órgãos internos do Atlético, de engenharia, de operações, de segurança. Aqui, é feito todo o monitoramento interno e externo da Arena, então todas as decisões operacionais de segurança são tomadas dentro desta sala”, explicou Leonardo Barbosa, superintendente de Operações da Arena MRV.
Além das câmeras, a Arena conta com um sistema especial para a identificação e rastreamento de possíveis criminosos, conforme explicou o chefe de segurança, Coronel Olimpio Garcia.
“O nosso sistema tem uma curiosidade, e ela foi muito usada agora para identificar esses vândalos que agiram nesse jogo, que a gente consegue rastrear a pessoa aqui dentro. Então, a partir do momento que a gente identifica que a pessoa fez alguma coisa errada, a gente carrega a foto no sistema e as câmeras automaticamente começam a rastrear essa pessoa na Arena”, afirmou.
Três níveis de monitoramento
Para ter conhecimento de tudo o que acontece dentro e fora da Arena, o Centro de Controle de Operações trabalha com três níveis de monitoramento.
O primeiro é de monitoramento externo, para entender como está o fluxo de pessoas chegando na Arena e como está o fluxo de trânsito. Esse monitoramento é feito por drones, sendo um exclusivo para a segurança e outro para cuidar do tráfego no entorno, traçando o primeiro anel de segurança.
O segundo nível de monitoramento é na esplanada do estádio, com câmeras posicionadas em todos os acessos e também com o apoio do drone, que possui um software agregado que permite fazer a contagem de público em determinado espaço territorial.
O terceiro nível é dentro da Arena, com câmeras posicionadas nos portões, que fazem o reconhecimento facial. Esses dados são compartilhados com a polícia.
Do CCO, os agentes de segurança pública e privada monitoram a movimentação de torcedores antes, durante e após o término dos jogos. Em caso de incidentes, uma força-tarefa é acionada para impedir a ação dos vândalos. Segundo Coronel Olimpio, as decisões tomadas nessa sala são compartilhadas em tempo real com todos os envolvidos.
“A gente tem um representante de cada serviço que é prestado dentro da Arena MRV. Nós temos um representante da engenharia da Arena, um da segurança privada, uma representante dos socorristas, dos serviços médicos, da Polícia Militar e da fiscalização da Prefeitura. Então, todas as decisões que acontecem aqui dentro são compartilhadas em tempo real com todos esses órgãos que estão envolvidos, e são decisões que conseguem ser aplicadas de uma forma muito rápida, por ter essa comunicação direta”, afirmou.
Identificação e prisão de suspeitos
Segundo a Polícia Civil, até o momento, seis pessoas estão presas pelos incidentes na final da Copa do Brasil. Mais de 700 seguranças privados trabalharam na partida. Desses, mais de 100 atuaram e contiveram a tentativa de invasão ao gramado. Eles também realizaram a revista dos torcedores.
O número de profissionais empenhados em cada jogo varia de acordo com o protocolo de segurança estabelecido pela administração da Arena MRV e Polícia Militar. Além disso, o Atlético-MG informou que já iniciou os procedimentos para que todos os identificados sejam punidos administrativamente.
“Para se ter uma ideia, a gente tinha uma média de 400 a 450 seguranças privados em média nos jogos. A gente teve pra esse jogo 710 [seguranças privados]. Então, a gente estava preparado de fato para um jogo muito mais complexo. A gente teve o maior efetivo da Polícia Militar também da história da Arena, a gente estava muito preparado, mas, infelizmente, os vândalos vieram não para torcer, mas para praticar crimes e invasões”, explicou Leonardo Barbosa.
Com o apoio do Centro de Controle de Operações da Arena MRV, a Polícia identificou e prendeu, no último domingo (17), o homem de 24 anos que arremessou a bomba que atingiu o fotojornalista Nuremberg José Maria. O Atlético-MG prestou apoio ao fotógrafo e custeou as despesas do tratamento. O profissional recebeu alta na última sexta-feira (15).
Após a prisão, o vice-governador de Minas Gerais, Professor Mateus Simões, afirmou que crimes como esse não serão tolerados no futebol mineiro.
“Para nós, o importante é explicar a quem está em casa duas coisas. A primeira é que pode frequentar o estádio, porque nós vamos trabalhar para garantir a segurança. A segunda é: não tenha dúvidas, se você praticar um crime nesse ambiente, você será identificado e preso”, disse.
Além disso, o vice-governador também foi perguntado sobre a segurança na Arena MRV e afirmou que o estádio é considerado seguro pelas forças de segurança, seguindo todos os padrões recomendados.
“Para nós, a Arena é absolutamente segura para a realização de jogos. Ela não foi pensada para conter tumultos desse tipo, como uma arena de futebol não deveria ser e como, aliás, no resto do mundo não é, efetivamente. O padrão dela de segurança é absolutamente compatível com o que eles chamam de padrão Fifa de segurança de estádio. Aparentemente o nosso torcedor, nesses casos, é que não é compatível com o ambiente público de torcida, de estar presente no ambiente esportivo”, explicou.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br