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Eleições na Austrália: Tarifas impostas por Trump contribuem para resultado

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Os australianos apresentaram um resultado eleitoral surpreendente no sábado (3); não apenas pelo resultado, mas pela magnitude da vitória.

Isso marca uma forte recuperação para o primeiro-ministro Anthony Albanese e seu Partido Trabalhista de centro-esquerda, que apareciam em queda nas pesquisas no início deste ano, e segue um afastamento semelhante dos conservadores no Canadá nos primeiros meses do segundo mandato de Donald Trump.

À medida que as últimas cadeiras são alocadas e o Partido Liberal de centro-direita avalia os danos – incluindo a perda de seu líder, Peter Dutton, do parlamento – aqui estão motivos do por quê Albanese possivelmente garantiu o segundo mandato no país.

“Efeito Trump” impulsiona reeleição

A derrota de Dutton por Albanese reflete o resultado das eleições federais canadenses da semana passada, onde o Partido Liberal, de esquerda, antes passando por dificuldades, alcançou a vitória graças a um aumento de popularidade inspirado por Trump.

Em uma recuperação política notável, os liberais que apoiam o primeiro-ministro canadense Mark Carney superaram os conservadores de Pierre Poilievre depois que as tarifas de Trump e as ameaças de anexar o Canadá mudaram a sorte do partido governista, que vinha apresentando resultados negativos nas pesquisas há anos.

Embora a Austrália não tenha enfrentado a mesma afronta à sua soberania que o Canadá, os resultados eleitorais semelhantes demonstram a influência de Trump na política interna de aliados de longa data dos EUA.

Dutton foi apelidado de “Trump Temu” por seus críticos – uma referência ao mercado online chinês de baixo custo –, uma caracterização que pode ter contribuído para sua queda na Austrália, onde a confiança nos EUA foi corroída, de acordo com pesquisas recentes.

Apesar de afirmar ser “dono da própria identidade”, Dutton foi acusado de fomentar guerras culturais e de criticar imigrantes e a mídia com uma retórica semelhante à de Trump.

Dutton passou semanas tentando se distanciar do líder americano que impôs tarifas, mas não foi o suficiente para convencer os eleitores australianos de que ele era a pessoa certa para liderar o país neste momento de turbulência global.

Estabilidade política

O resultado de sábado (3) fez de Albanese o primeiro primeiro-ministro australiano a ser reeleito em 20 anos, e pode anunciar o fim da rotatividade de líderes que define a política do país desde a virada do milênio.

Albanese iniciará seu segundo mandato com pelo menos 85 cadeiras na câmara baixa de 150  – uma maioria significativa na Austrália – enquanto a coalizão liberal atualmente detém apenas 37, de acordo com a contagem mais recente da emissora americana ABC.

O país teve seis primeiros-ministros diferentes nos últimos 18 anos, a maioria dos quais permaneceu no cargo por cerca de três anos, em linha com a frequência das eleições australianas.

Mas uma vitória contundente e uma maioria sólida prepararam Albanese para mais três anos ou até mais. Isso potencialmente lhe dá a oportunidade de moldar a política do país à sua maneira, de uma forma que nenhum líder conseguiu desde John Howard, do Partido Liberal, no final da década de 1990 e no início dos anos 2000.

Durante um período de turbulência comercial, Albanese demonstrou firmeza, adotando um tom autoritário em resposta à decisão de Trump de impor tarifas de 10% à Austrália, que foram posteriormente suspensas.

Preocupações com o custo de vida

Os eleitores australianos depositaram confiança nos planos de Albanese para combater o alto custo de vida e as mudanças climáticas em detrimento da abordagem ideológica de Dutton, ao estilo de Trump, que às vezes não parecia ser apoiada por propostas políticas.

Dutton chamou as cerimônias indígenas de “boas-vindas ao país” de “exageradas”, e disse que elas não deveriam ser realizadas em jogos esportivos ou eventos militares.

Em 2023, Dutton fez uma campanha de sucesso contra um referendo do governo sobre uma proposta do “Indigenous Voice to Government”, que prometeu mudanças para os povos nativos e que incluía o reconhecimento constitucional dos indígenas australianos.

Ele também alegou que a Austrália acolhe muitos imigrantes, e rotulou a emissora pública como “mídia de ódio”.

Dutton prometeu reprimir a cultura “woke” e acabar com a “doutrinação” nas escolas, antes de esclarecer posteriormente que seu partido não tinha planos de mudar o currículo.

Enquanto isso, os eleitores australianos pareciam mais preocupados com o custo de vida e as mudanças climáticas — duas áreas nas quais Dutton era visto como não sendo forte o suficiente e carente de estratégias.

Embora Albanese tenha sido criticado por não ter feito o suficiente para conter o aumento do custo de vida durante o primeiro mandato, nos próximos anos ele prometeu cortes de impostos, medicamentos mais baratos, depósitos menores para compradores de primeira viagem e 1,2 milhão de casas para aliviar a crise imobiliária.

Da mesma forma, apesar das críticas à sua aprovação de novos projetos de carvão e gás em seu primeiro mandato, Albanese reiterou seu compromisso com a ação climática, em contraste com o ataque contínuo do novo governo dos EUA às agências e pesquisas ambientais.

Todos os australianos sabem que “a energia renovável é uma oportunidade que devemos aproveitar juntos para o futuro da nossa economia”, disse o primeiro-ministro, sob aplausos.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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