O cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns acordados entre Israel e o grupo Hamas foram oficialmente iniciados no domingo (19), marcando um momento significativo no conflito em curso.
Segundo Fernanda Magnotta, analista de Internacional da CNN, o enfraquecimento relativo da Rússia na região desempenhou um papel crucial na criação de condições favoráveis para o acordo.
“A Rússia, que está muito empenhada com a Guerra da Ucrânia, tendo que lidar com ela como prioridade, afastou-se em termos relativos de algumas dessas questões, como por exemplo na Síria”, explicou a analista.
Mudança no equilíbrio de poder regional
O afastamento russo, segundo a analista, permitiu que grupos rebeldes na Síria retomassem poder, inclusive desafiando o governo de Bashar al-Assad, que havia resistido desde a Primavera Árabe.
Além disso, as negociações entre Líbano e Hezbollah com Israel, seguidas pelo acordo entre Hamas e Israel, representaram reveses para o Irã, considerado o principal ator regional e adversário dos Estados Unidos.
A analista também destacou a postura do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em relação ao Irã.
Apesar de ter sido extremamente crítico ao país durante sua primeira administração, chegando a retirar os Estados Unidos de um acordo histórico formulado pelo governo Obama, Trump tem adotado uma abordagem mais cautelosa recentemente.
“Embora ele esteja sempre citando o Irã, ele tem sido mais cauteloso, talvez venha aí uma tentativa de criar estabilização no Oriente Médio sem criar necessariamente esse bater de frente”, observou Magnotta.
A combinação desses fatores – o enfraquecimento da Rússia, a reorganização de forças na região e a potencial mudança na política americana em relação ao Irã – cria um cenário complexo e desafiador para o novo governo dos Estados Unidos.
O acordo de cessar-fogo em Gaza é visto como um primeiro passo importante neste novo contexto geopolítico do Oriente Médio.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br