Quando o cardeal Jorge Mario Bergoglio, nascido na Argentina, foi eleito papa em 2013, assumindo o nome de Francisco, a reação em toda a América Latina foi nada menos do que arrebatadora.
Os latino-americanos, que são majoritariamente católicos, no passado se sentiam desprezados por uma igreja que, ao longo da história moderna, se voltou para a Europa ao escolher sua liderança.
Com a eleição do argentino, muitos se identificaram com o papa Francisco, que sempre defendeu os direitos dos migrantes, se manifestou contra a crescente divisão entre ricos e pobres e fez questão de falar em nome daqueles que pareciam estar esquecidos pela sociedade.
Antes de ser papa, Francisco espalhou a palavra em algumas das favelas mais pobres da América Latina, em tempos de ditadura militar e crises financeiras nacionais.
Forjado a partir de suas experiências na América Latina e com um carisma e um senso de comunidade diferentes de qualquer papa anterior, Francisco deixou uma marca duradoura na vida de milhões de católicos em todo o mundo.
Grande parte do sucesso do argentino como papa pode ser atribuído ao toque comum que ele nunca pareceu ter perdido.
Segundo o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, durante um encontro com Francisco em 2015, o pontífice brincou que muitas pessoas presumiram que, como o primeiro papa da Argentina, cujos cidadãos são famosos por sua elevada autoestima, ele teria adotado o nome de “Jesus II”.
Esse estilo improvisado talvez tenha sido seu maior trunfo: em 2015, após o primeiro encontro entre Francisco e o líder cubano Raúl Castro, que ficou no poder de 2008 à 2018 como um ateu de longa data, exclamou: “Se o papa continuar falando assim, mais cedo ou mais tarde, voltarei a rezar e retornarei à Igreja Católica”.
A observação de Castro foi tão fora de contexto que, na época, não foi noticiada pela imprensa estatal cubana.
Morte de Francisco
Primeiro latino americano e jesuíta a assumir a Santa Sé, o papa Francisco faleceu na manhã desta segunda-feira (21), às 7h35 do Vaticano, em decorrência de um AVC e falência cardíaca irreversível.
O corpo do papa será colocado em um caixão ainda nesta segunda. Na manhã de quarta-feira (23), será iniciado o velório do santo padre, aberto aos fiéis.
A data do funeral, cerimônia que antecederá o sepultamento de Francisco, ainda não foi divulgada.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br