O historiador Michel Gherman, coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que a atuação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é indefensável, pelo menos a médio e longo prazos. Gherman destacou que a situação em Gaza está entrando em uma nova fase, marcada pelos testemunhos sobre os acontecimentos na região.
Segundo o professor da UFRJ, essa etapa do conflito proporciona uma nova perspectiva e percepção sobre o que efetivamente ocorreu e ainda ocorre em Gaza.
“Me parece muito difícil que nas próximas semanas e nos próximos meses a situação não fique clara e Benjamin Netanyahu, efetivamente, seja considerado pelo Ocidente como uma pessoa que cometeu crimes contra a humanidade”, afirmou Gherman.
O historiador também comentou sobre a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) e seu potencial impacto na coalizão ocidental em relação a Israel. Ele interpretou o recuo pontual de alguns países, como a França, em relação à resolução do Tribunal como uma manobra tática para garantir o avanço de um possível acordo que poderia apaziguar a região.
No entanto, Gherman ressaltou que, com o passar do tempo e uma maior percepção do que aconteceu em Gaza, será difícil não reconhecer a ocorrência de crimes contra a humanidade.
“Há possibilidade concreta de um isolamento de posições como a dos Estados Unidos e da Hungria e um avanço de posições que vão, por questões, inclusive, de pressão interna, colocar a situação do Tribunal como uma situação que é absolutamente incontornável”, explicou.
A continuidade da guerra e a situação humanitária
Gherman argumentou que a guerra em Gaza continua por motivos ideológicos, mais do que por razões estratégicas. Ele enfatizou que a situação humanitária em Gaza é insustentável, o que torna ainda mais difícil defender as ações de Netanyahu.
O professor concluiu afirmando que a percepção internacional sobre as ações de Israel em Gaza está mudando, e que isso pode levar a um isolamento crescente de Netanyahu e de sua política no cenário internacional.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br