O governo brasileiro avalia que um dos próximos alvos do “tarifaço” de Donald Trump podem ser países da América Latina e do Caribe que mantêm relações econômico-comerciais mais intensas com a China.
Para assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área internacional, está claro que a grande disputa geopolítica de Trump é com a China.
Eles acreditam que a Casa Branca acabará levando em conta a intensidade do relacionamento de latino-americanos e caribenhos com o gigante asiático ao definir as tarifas de importação sobre seus produtos.
Por enquanto, à exceção do México, praticamente toda a região ficou com tarifas “recíprocas” de 10%. Vários países, incluindo o Brasil, estão em negociações com os Estados Unidos em uma tentativa de amenizar as sobretaxas.
Na percepção de integrantes do governo, um dos elementos que Trump terá em mente vai ser o fluxo de comércio, investimentos e parcerias econômicas de países do continente americano com a China.
Nesse caso, observa um auxiliar com acesso frequente ao presidente, podem ser consideradas pela Casa Branca questões como: volume das importações de mercadorias chinesas, presença da China em infraestrutura nos países da região, adesão à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês).
Ninguém espera uma fórmula matemática bem delineada. Cita-se que, na primeira rodada de tarifas “recíprocas”, os cálculos foram feitos de forma quase rudimentar — pegando o déficit comercial dos Estados Unidos e dividindo esse número pelas importações totais.
O Peru, por exemplo, acaba de inaugurar o megaporto de Chancay — financiado e construído pela China. A Venezuela tem se equilibrado minimamente graças à venda de petróleo para o país asiático. O Uruguai fala, há anos, em fazer um acordo de livre comércio com Pequim.
A pressão mais clara nesse sentido foi sobre o Panamá. A nação centro-americana, alvo imediato da Casa Branca pelo controle do canal que liga o Atlântico ao Pacífico, já saiu da BRI em meio às pressões de Trump.
Até agora, ressaltam altos funcionários do governo brasileiro, a questão do relacionamento com a China não surgiu nas reuniões técnicas para negociar tarifas entre Brasil e Estados Unidos.
O sentimento no Palácio do Planalto, entretanto, é de que o governo americano acabará atrelando uma coisa à outra nas tratativas com países da região.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br