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Chumbo e cádmio são encontrados em proteínas em pó dos EUA, mostra estudo

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Suplementos proteicos vendidos sem prescrição nos Estados Unidos podem conter níveis preocupantes de chumbo e cádmio, com as maiores quantidades encontradas em produtos à base de plantas, orgânicos e com sabor de chocolate, segundo um novo estudo publicado na quinta-feira (9).

Não existe nível seguro de chumbo para humanos, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. O cádmio é um carcinógeno que também é tóxico para o coração, rins, intestino, cérebro e sistemas respiratório e reprodutivo, segundo a Administração de Segurança e Saúde Ocupacional do Departamento do Trabalho dos EUA.

“Em média, os suplementos proteicos orgânicos apresentaram três vezes mais chumbo e o dobro da quantidade de cádmio em comparação com produtos não orgânicos”, afirma Jaclyn Bowen, diretora executiva do Clean Label Project, uma organização sem fins lucrativos dedicada à rotulagem transparente de alimentos que divulgou o novo relatório.

Suplementos à base de plantas, como os feitos de soja, arroz, ervilhas e outras plantas, continham três vezes mais chumbo que produtos à base de whey, segundo o relatório. As plantas naturalmente absorvem metais pesados da crosta terrestre, mas podem conter níveis elevados se cultivadas em solo que tenha sido ainda mais contaminado por mineração, resíduos industriais e alguns pesticidas e fertilizantes.

Outra fonte importante de contaminação em suplementos proteicos foi o saborizante de chocolate, segundo o relatório. “Suplementos proteicos com sabor de chocolate continham quatro vezes mais chumbo e até 110 vezes mais cádmio do que os com sabor de baunilha”, afirma Bowen.

Apesar de ser rico em flavonoides, antioxidantes e outros minerais benéficos, o chocolate amargo, ou cacau, tem apresentado altos níveis de metais pesados. Um estudo de julho de 2024 descobriu que 43% de seis dúzias de produtos de chocolate amargo excederam o nível máximo permitido de chumbo pela Proposição 65 da Califórnia, de 0,5 partes por milhão.

“A contaminação por metais pesados é um problema global de segurança alimentar”, diz Bowen. “Esses contaminantes estão basicamente em toda parte, inclusive em produtos que são apresentados como alimentos saudáveis.”

O Conselho para Nutrição Responsável, uma associação do setor que representa fabricantes de suplementos, afirma à CNN por e-mail que o novo relatório não forneceu transparência suficiente sobre os critérios usados para os limites de contaminação e como os produtos foram selecionados.

“Sem essa clareza, consumidores e partes interessadas da indústria não podem avaliar completamente a validade das alegações”, diz Andrea Wong, vice-presidente sênior de assuntos científicos e regulatórios do CRN.

“As técnicas analíticas modernas podem detectar até níveis traço de elementos naturalmente presentes, como metais pesados, que estão presentes no solo, ar e água”, explica Wong. “Esses níveis traço frequentemente estão bem abaixo dos limites de segurança estabelecidos por agências federais como a Food and Drug Administration (FDA) e a Environmental Protection Agency (EPA).”

Boas notícias sobre o BPA

Para a nova investigação, o Clean Label Project comprou 160 produtos de 70 das marcas mais vendidas de suplementos proteicos. No entanto, as marcas não foram divulgadas no relatório.

“Não divulgamos os nomes das empresas que testamos para manter a justiça e consistência e evitar potenciais conflitos de interesse”, diz Bowen.

As amostras de suplemento proteico foram então enviadas a um laboratório certificado independente, que realizou quase 36.000 testes individuais em 258 contaminantes diferentes, incluindo metais pesados, bisfenóis, ftalatos e substâncias per e polifluoroalquil, ou PFAS.

No entanto, apenas os níveis de chumbo, cádmio, bisfenol A e seu primo bisfenol S, mais conhecidos como BPA e BPS, foram incluídos no relatório de 2024. Dados sobre outros contaminantes serão divulgados em uma atualização posterior, segundo Bowen.

Os bisfenóis são disruptores hormonais que estudos relacionaram a anomalias fetais, baixo peso ao nascer e distúrbios cerebrais e comportamentais em bebês e crianças. Em adultos, os produtos químicos estão associados ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardíacas, disfunção erétil, câncer e um risco 49% maior de morte precoce em 10 anos.

O bisfenol A foi amplamente utilizado na fabricação de mamadeiras, copos infantis e recipientes de fórmula infantil até que pais preocupados boicotaram esses produtos há mais de uma década.

Uma investigação similar de suplementos proteicos pelo Clean Label em 2018 encontrou altos níveis de bisfenóis O relatório de 2024, no entanto, trouxe boas notícias, de acordo com Bowen. “Encontramos BPA e BPS em apenas três dos 160 suplementos de proteína, comparado a 55% dos produtos que testamos em 2018”, afirma.

Para analisar metais pesados, pesquisadores do Clean Label Project compararam os resultados dos testes de chumbo e cádmio com os níveis estabelecidos pela Proposição 65 da Califórnia.

“A Prop 65 é possivelmente a lei mais progressista do país quando se trata de contaminantes industriais ambientais”, diz Bowen. “Eles têm critérios muito claros de aprovação e reprovação que são tipicamente muito mais rigorosos que as agências federais nos EUA”.

No geral, 47% das 160 amostras de suplementos de proteína testadas pelo Clean Label Project em 2024 excederam as diretrizes regulatórias da Prop 65, segundo o relatório. Cerca de 21% dos suplementos continham níveis duas vezes mais altos que o limite da Prop 65, afirma Bowen.

Quase 80% dos suplementos de proteína à base de plantas e orgânicos testados estavam acima do limite da Prop 65 para chumbo. No entanto, apenas 26% dos produtos à base de colágeno e 28% dos produtos à base de whey excederam o limite de chumbo da Califórnia.

O que os consumidores podem fazer

Não é necessário parar de usar suplementos de proteína como parte de um estilo de vida saudável, segundo Bowen, mas ajuda fazer compras de forma inteligente.

“Para pessoas que seguem uma dieta totalmente vegetal, suplementos de proteína feitos de ervilhas parecem ter os níveis mais baixos de metais pesados”, afirma. “Se você não tem restrições alimentares, os dados sugerem que suplementos de proteína à base de whey ou ovo, com sabor baunilha, terão a menor quantidade”.

Entrar em contato com as marcas favoritas para questionar sobre os níveis de contaminantes é outra ação inteligente dos consumidores, acrescenta Bowen. “Faça perguntas, exija respostas”, orienta. “O tema dos metais pesados não vai desaparecer”.

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Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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