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Chuva pode causar deslizamentos de terra em meio ao fogo na Califórnia

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Com muitas comunidades ainda queimando devido aos incêndios florestais de Los Angeles — e novos incêndios ainda surgindo — a previsão de chuva para o fim de semana parece um alívio bem-vindo. Mas a forma como a chuva cai pode fazer a diferença entre uma trégua ou uma repetição do desastre.

O Serviço Nacional de Meteorologia falou que há uma grande chance de chuva generalizada no Condado de Los Angeles neste fim de semana (25 e 26)— com intensidades leves espalhadas por muitas horas.

Não há grandes riscos de inundação, exceto uma chance de 5% a 10% de detritos significativos em riscos de queimadas para Los Angeles e o Condado de Ventura, segundo o serviço meteorológico. Chuvas fortes isoladas medindo até 12,7 milímetros por hora também são esperadas.

Enquanto isso, os ventos de Santa Ana devem durar pelo menos até sexta-feira (24) de manhã, com o serviço meteorológico estendendo seu alerta de incêndio com bandeira vermelha até as 10h do horário local nos condados de Los Angeles e Ventura.

O solo em Los Angeles não viu uma gota durante todo o mês, então a quantidade moderada de chuva na previsão será bem-vinda se vier em um ritmo que possa ser absorvido pelo solo marcado pelo fogo.

Um fluxo lento e constante seria um alívio para todos. Mas a chuva que vem em rajadas breves pode criar inundações repentinas que soltariam o solo e os detritos nas encostas carbonizadas, fazendo-as cair em direção aos bairros dizimados.

“Ele se comporta mais como cimento; o solo não consegue aceitar a água, então tudo vai para o escoamento imediatamente”, falou Ariel Cohen, meteorologista responsável pelo escritório do Serviço Nacional de Meteorologia em Los Angeles.

“Isso pode resultar em fluxos rápidos de lama, rocha e detritos de fogo que se aglomeram e se espalham rapidamente ladeira abaixo”, acrescentou Cohen. “Tem o potencial de ser prejudicial ao fazê-lo, derrubando outras estruturas e certamente pode ser uma ameaça à vida e à propriedade.”

Autoridades dizem que estão preparadas desta vez

Autoridades locais e estaduais — atingidas pelas críticas de que não fizeram o suficiente para evitar a devastação causada pelo incêndio florestal — dizem que estão prontas para as complicações que a chuva pode trazer.

“Essas comunidades já sofreram perdas inimagináveis ​​— estamos tomando medidas contra mais danos”, relatou a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, em um comunicado na terça-feira (21).

Os deslizamentos de terra não só podem causar mais danos e complicar a limpeza, como também podem espalhar o solo cheio de produtos químicos tóxicos que as equipes de limpeza já estavam trabalhando para conter.

Karen emitiu uma ordem executiva de emergência projetada para impedir que água poluída e lama entrem nos bueiros da cidade, incluindo a aceleração da limpeza de detritos e a instalação de barreiras de concreto na zona de queima.

Mais de 250 mil sacos de areia estão posicionados em áreas propensas a inundações, e fossos chamados “barragens de detritos” foram cavados nas encostas para capturar galhos e sedimentos que se soltam da montanha durante as chuvas, comentou o Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia.

Em uma mensagem de vídeo na quinta-feira (24), o chefe adjunto do Corpo de Bombeiros do Condado de Los Angeles, David Richardson, aconselhou aqueles em áreas com risco de serem atingidas por deslizamentos de terra a “obter sacos de areia com antecedência” e saber como desligar todos os serviços públicos em casa, em caso de emergência.

Sacos de areia estão disponíveis em todos os quartéis de bombeiros, falou Richardson.

“Fique longe de áreas suscetíveis a inundações. Não tente entrar em água corrente. Não tente resgatar alguém que está sendo levado pela água. Em vez disso, ligue para o 911”, acrescentou.

Não há dúvida de que Los Angeles precisa de chuva. Mesmo sem os incêndios florestais, o condado está agora em seca extrema pela primeira vez em quatro anos. “O péssimo início do ano hídrico continua em grande parte do sul da Califórnia, sul de Nevada e Utah, e no Arizona e Novo México”, afirmou o US Drought Monitor.

Embora o tamanho dos devastadores incêndios Palisades e Eaton não tenha aumentado em mais de uma semana, o incêndio Hughes perto do Lago Castaic no extremo norte do Condado de Los Angeles queimou mais de 40,4 quilômetros quadrados em um dia.

Enquanto isso, dois novos incêndios foram relatados na tarde de quinta-feira (23) no Condado de San Diego –– os incêndios Gilman e Border 2 –– o último dos quais está se espalhando pelo Otay Mountain Wilderness, perto da fronteira entre Estados Unidos e México, a uma “taxa moderada”, segundo o Cal Fire.

O incêndio Border 2 dobrou de área na noite de quinta-feira (23) –– se espalhando por 1,2km² para 2,4km² em cerca de uma hora.

Atualmente, não há ameaças a civis, embora o Cal Fire tenha declarado que o incêndio é uma ameaça à infraestrutura crítica de comunicação.

A previsão de chuva ocorre no final de outro período de alerta de bandeira vermelha que levou quase 100 mil clientes de energia a terem sua eletricidade desligada como precaução na quinta-feira (23).

Trump ameaçou suspender ajuda e planeja visita à Califórnia

O presidente Donald Trump deve viajar para a Califórnia na sexta-feira (24) e também fazer uma visita ao oeste da Carolina do Norte, onde há danos generalizados causados ​​pelo furacão Helene.

Trump ameaçou suspender ajuda à Califórnia, dizendo que as autoridades estaduais precisam mudar a forma como administram a água.

Na quarta-feira (22), o presidente disse à Fox News: “Não acho que devemos dar nada à Califórnia até que deixem a água acabar”.

Em declarações à NewsNation, o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, disse que impor condições à ajuda a um estado que sofre com um desastre natural é um “grande erro”.

“O presidente concorreu à presidência para ser o presidente dos Estados Unidos da América, não apenas dos estados republicanos da América. Não importa qual preferência partidária o estado tenha”, falou ele, acrescentando que espera que Trump reconsidere ajudar a Califórnia depois de ver a devastação dos incêndios em primeira mão.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, disse após uma coletiva de imprensa na quinta-feira (23), durante a qual assinou um par de projetos de lei alocando US$ 2,5 bilhões em recuperação estadual: “Estou ansioso para estar lá na pista para agradecer ao presidente, recebê-lo e estamos nos certificando de que todos os recursos de que ele precisa para uma reunião bem-sucedida sejam fornecidos a ele. Não há limite para os recursos que forneceremos para essa reunião.”

Newsom disse aos repórteres que não recebeu nenhuma comunicação da Casa Branca sobre a visita de Trump, mas que está “feliz” que o presidente tenha aceitado o convite do governador.

Muitos têm lembranças de deslizamentos passados

Os meteorologistas não estão antecipando o nível de chuva que provocou alguns dos fluxos de terra mais destrutivos da região no passado recente.

A comunidade de Montecito, no Condado de Santa Barbara, foi praticamente destruída após uma poderosa tempestade de inverno imediatamente após o incêndio Thomas — na época, o maior incêndio da história do estado. Vinte e três pessoas morreram.

Mesmo sem a devastação causada por incêndios florestais, a geografia única do sul da Califórnia deixa algumas áreas em constante perigo de instabilidade da terra.

A cidade costeira de Rancho Palos Verdes experimentou o movimento repentino de um complexo de deslizamentos de terra lentos de décadas no outono passado, torcendo estradas e colocando casas multimilionárias à beira da destruição.

A cidade investiu milhões de dólares em “poços de drenagem”, sugando mais de 112 milhões de galões de água desestabilizadora do solo em um esforço desesperado para reforçar os bairros.

Uma prévia do pior cenário para as chuvas que virão pôde ser vista em Palisades há duas semanas, quando uma casa com vista para o mar que sobreviveu ao incêndio foi literalmente dividida ao meio por um deslizamento de terra, aparentemente desencadeado pelo escoamento da água usada para combater o fogo.

“Existem riscos de fluxo de lama e detritos que existem mesmo quando não está chovendo”, disse o diretor de Obras Públicas do Condado de Los Angeles, Mark Pestrella, na semana passada.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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