O presidente colombiano, Gustavo Petro, falou que “a cocaína não é pior que o uísque”, sugerindo que a indústria global da cocaína poderia ser “facilmente desmantelada” se a droga fosse legalizada em todo o mundo.
A Colômbia é o maior produtor e exportador mundial de cocaína, principalmente para os Estados Unidos e a Europa, e o governo passou décadas lutando contra o tráfico de drogas.
“A cocaína é ilegal porque é feita na América Latina, não porque é pior que o uísque”, disse o presidente na terça-feira (4) durante uma reunião ministerial de seis horas que foi transmitida ao vivo. “Cientistas analisaram isso”, afirmou.
O líder esquerdista, que assumiu o cargo em 2022, prometeu combater o tráfico de drogas e regulamentar o uso de substâncias ilegais.
No entanto, desde que chegou ao poder, a produção de cocaína da Colômbia aumentou.
O cultivo de folhas de coca na Colômbia aumentou 10% no ano de 2023 em relação ao ano anterior, enquanto a produção potencial de cocaína atingiu um recorde de mais de 2.600 toneladas métricas, um aumento de 53%, relatou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime em outubro.
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Em comentários na reunião, Petro sugeriu que a cocaína deveria ser legalizada assim como o álcool, para combater o tráfico.
“Se você quer paz, você tem que desmantelar o negócio (do tráfico de drogas)”, ele falou. “Ele poderia ser facilmente desmantelado se eles legalizassem a cocaína no mundo. Seria vendido como vinho.”
Petro destacou o fentanil, uma droga sintética no centro da crise dos opioides nos EUA, em contraste, dizendo “está matando americanos, mas não é feito na Colômbia.”
“O fentanil foi criado como uma droga de farmácia por multinacionais norte-americanas” e aqueles que o usaram “ficaram viciados”, acrescentou.
Seus comentários vêm quase duas semanas após um impasse diplomático com o presidente Donald Trump que bloqueou o pouso de dois voos militares dos EUA de imigrantes deportados, acusando os EUA de tratar imigrantes colombianos como criminosos.
Mais tarde, o país concordou em aceitar os deportados e enviou aviões próprios para ajudar no retorno, após uma série de ameaças que incluíam tarifas altas, proibição de viagens para cidadãos colombianos e revogação de vistos para autoridades colombianas nos EUA.
A Colômbia, não pertencente à Otan, tem sido um grande aliado dos EUA e, por décadas, tem sido o parceiro mais próximo na América do Sul, trabalhando em estreita colaboração nos esforços contra o tráfico de drogas.
A cocaína é a quarta droga mais consumida globalmente, segundo a ONU, e ilegal na maioria dos países.
No entanto, alguns governos descriminalizaram a posse da droga em pequenas quantidades.
Complicações médicas sérias podem ocorrer com uso da droga, incluindo transtorno de uso de cocaína – uso compulsivo do estimulante viciante – e overdose, de acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA.
A adulteração da droga com opioides sintéticos, como o fentanil, também contribuiu para o aumento de mortes por overdose, segundo o NIH.
Enquanto isso, o NIH alerta que o uso de álcool pode levar a ferimentos, violência, intoxicação alcoólica ou overdose, com efeitos colaterais do uso excessivo, como doença hepática e câncer.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br