O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira (9) o Plano Nacional de Contenção para Dengue e outras Arboviroses. De acordo com a pasta, o aumento significativo do sorotipo 3 do vírus da dengue é uma das preocupações para 2025.
A dengue é uma doença causada por um vírus que possui quatro sorotipos diferentes. O dominante no Brasil é o DENV-1. No entanto, desde setembro de 2024, a presença do DENV-3 vem aumentando significativamente.
Em dezembro, 40,8% dos casos de dengue foram provocados pelo tipo DENV-3. A maioria se concentra nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná.
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, o sorotipo 3 não era identificado no Brasil desde 2008. O ressurgimento pode impulsionar o aumento de infecções, já que grande parte da população não possui imunidade ao sorotipo 3.
Além disso, pessoas previamente infectadas por outros sorotipos estão mais suscetíveis a formas graves da doença, ampliando os riscos de complicações e sobrecarga no sistema de saúde.
“Até 2024, o sorotipo dominante no Brasil foi o DENV-1. Estamos vendo agora uma mudança significativa para o sorotipo 3. Esse sorotipo não circulava no Brasil desde 2008. Temos muitas pessoas suscetíveis, que nunca tiveram esse vírus. Essa é uma variável que estamos considerando para o aumento da circulação do vírus”, afirmou a secretária em entrevista a jornalistas.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o aumento dos casos de dengue e a intensificação de novos sorotipos é uma consequência direta das mudanças climáticas.
“Há um aspecto muito importante de base que é o aquecimento global, fazendo com que a dengue apareça em lugares que não aparecia antes. A doença já é considerada endêmica em 130 países”, disse.
O Ministério afirma que o país “não está em situação de emergência ainda”, mas já atua em condição de alerta para prevenção. Os casos de dengue registrados na primeira semana de 2025 foram cerca de 5 vezes menores que os registrados no mesmo período em 2024.
Vacina
O Ministério informou que já adquiriu 9,5 milhões de doses da vacina Qdenga para distribuição em postos públicos em 2025. Hoje, o SUS oferece a vacina somente para crianças entre 10 e 14 anos, que é o público com maior risco de desenvolver sintomas graves da doença.
De acordo com a ministra Nísia Trindade, não há previsão para ampliar a faixa etária que pode tomar o imunizante de forma gratuita. As doses adquiridas serão destinadas, prioritariamente, para garantir a segunda dose daqueles que já tomaram a primeira.
O principal empecilho para ampliar a vacinação é a capacidade de produção mundial do imunizante.
Plano de ação
Para conter o avanço da doença em 2025, o Ministério da Saúde instalou nesta quinta-feira (9) o Centro de Operações de Emergência (COE) para Dengue e outras Arboviroses e anunciou o novo Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika.
O plano será focado na ação integrada do governo federal com estados e municípios. Serão investidos R$ 1,5 bilhão para medidas de prevenção e combate às arboviroses.
Dentre as principais apostas do ministério para 2025 está o uso de novas tecnologias de controle do mosquito Aedes aegypti.
Um dos exemplos é a ampliação do método Wolbachia. Mosquitos Aedes aegypti são infectados com uma bactéria que impede o desenvolvimento do vírus da dengue e liberados para que se reproduzam com outros mosquitos, estabelecendo, aos poucos, uma nova população dos insetos, todos com a bactéria Wolbachia. O método foi aplicado em 3 municípios em 2024. Neste ano, será aplicado em 40.
Instalação de estações disseminadoras de larvicidas e implantação de mosquitos estéreis em aldeia indígenas são outras medidas que serão ampliadas em 2025.
*Sob supervisão de Renata Souza, da CNN
Fonte: www.cnnbrasil.com.br