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Dengue: entenda por que circulação do sorotipo 3 preocupa especialistas

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O Ministério da Saúde afirmou ter identificado a volta do sorotipo 3 da dengue (DENV-3) no país. Os estados de maior circulação foram São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. De acordo com número da pasta, em dezembro de 2024, 40,8% dos casos da doença foram provocados pelo DENV-3.

No total, a dengue possui quatro sorotipos diferentes circulando no mundo, com distintos materiais genéticos e linhagens. Esses tipos são nomeados: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Eles pertencem à família Flaviridae e são vírus que só contêm RNA na composição.

“Isso significa que o indivíduo poderá ser infectado pelos quatro tipos de vírus da dengue ao longo de sua vida”, afirma Emy Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, à CNN. “Na primeira infecção pelo vírus, os níveis de anticorpos sobem lentamente, e, na infecção secundária, esses níveis sobem rapidamente em níveis altos”, acrescenta.

No entanto, o sorotipo 3 não circulava há 17 anos no Brasil e, por isso, seu retorno causa preocupação nos especialistas. “As pessoas não entraram em contato com este tipo de vírus da dengue, porque ele não tem circulado de maneira importante no Brasil há alguns anos. Então, parte da população ainda não teve contato com o sorotipo”, explica Gouveia.

O infectologista Renato Grinbaum, professor do curso de Medicina da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), acrescenta que, em 2024, houve uma predominância de casos de dengue relacionados ao sorotipo 2. “Como ano passado não teve muito sorotipo 3 circulando, a preocupação é que, neste ano, haja uma nova epidemia, agora por um sorotipo diferente do ano passado”, afirma.

À CNN, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, disse que o ministério acompanha a situação. “Nós temos um elemento de alerta que é o sorotipo 3, que não estava circulando nos anos anteriores. A gente está acompanhando o comportamento do vírus e fazendo alertas aos estados e municípios”, afirmou.

O sorotipo 3 é mais grave?

De acordo com Grinbaum, embora existam diferenças entre os quatro sorotipos da dengue, não há distinção de gravidade entre eles. “O que acontece é que, por questão da resposta exagerada do sistema imune, o segundo ou terceiro episódio de dengue, independente do sorotipo, tem o potencial de trazer complicações de saúde maiores do que o primeiro episódio”, afirma.

Em outras palavras, a segunda infecção por dengue, em geral, costuma gerar sintomas mais intensos do que a primeira. Considerando que o sorotipo 3 voltou a circular pela primeira vez em 17 anos, a proporção de casos mais graves esperada pelos especialistas é maior, segundo o infectologista.

“A chegada de novos tipos circulantes sempre traz preocupação”, acrescenta Gouveia. “A mensagem mais importante é que não importa qual cepa de vírus da dengue ele adquiriu, os cuidados e os alertas são os mesmos”, alerta.

Outro fator preocupante é que a vacina disponível atualmente no sistema de saúde — com o vírus atenuado — demonstrou cobertura para os tipos DENV-1 e DENV-2, mas casos de DENV-3, o percentual de cobertura foi menor, de acordo com médica infectologista Ana Lucia Senna, do Hospital de Clínicas Mario Lioni.

Existe um teste que identifique o sorotipo da dengue?

Ainda não existem, amplamente, testes que analisem qual tipo de vírus da dengue um indivíduo pegou. “Este teste é realizado em laboratórios especializados, ou nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) para vigilância epidemiológica dos vírus circulantes, justamente para identificar os tipos que estão circulando e prever o risco de aumento de casos graves em determinada região”, explica Gouveia.

*Com informações de Luan Leão, da CNN

Dengue: dificuldades para prevenção são reveladas por estudo

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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