O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu neste domingo (2), que as tarifas impostas à China, ao México e ao Canadá poderão causar “alguma dor”, mas reiterou que “tudo valerá a pena” e que “os resultados serão espetaculares.”
“Esta será a fase de ouro da América! Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!). Mas faremos a América grande de novo, e tudo valerá a pena pelo preço que deve ser pago. Somos um país que agora é gestado com senso comum. E os resultados serão espetaculares!”, escreveu Trump na sua rede Truth Social, um dia após assinar um decreto para impor novas taxas a produtos dos três países.
As palavras do republicano refletem sua plena confiança na capacidade do mercado interno e da indústria americana, de vencerem a queda de braço tarifária a qual deu início e que em poucas horas produziu reações imediatas.
Neste domingo, o ministro das finanças canadense, Dominic LeBlanc, revelou a lista completa de itens americanos que serão taxados em 25% num total estimado de US$ 30 bilhões. Entre eles, estão roupas, eletrodomésticos, ferramentas e amas de fogo. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, fez um apelo aos canadenses: “comprem produtos nacionais”.
As medidas seguem o princípio da reciprocidade, comum na diplomacia. Confrontado, Donald Trump voltou a falar em anexar o Canadá. “Não precisamos de nada que eles têm. Temos energia ilimitada, deveríamos fabricar nossos próprios carros e temos mais madeira do que podemos usar. Sem esse subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável. Duro, mas verdade!”, afirmou o presidente americano.
Trump acrescentou que a anexação significaria impostos mais baixos e proteção militar dos Estados Unidos ao Canadá, além do fim das tarifas.
Outro país na mira das taxações é o México, cuja presidente, Claudia Sheinbaum também pediu a implementação de medidas tarifárias contras os EUA. O país estuda taxas retaliatórias que variam de 5% a 20%. Carne Suína, queijo, aço e alumínio são alguns produtos que podem ser afetados.
A China que recebeu tarifas de 10% nos produtos, afirmou por meio dos ministérios das Finanças e do Comércio que vai contestar os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). A justificativa de Trump para taxar a China é para “estancar” o fluxo de fentanil nos Estados Unidos. Entre outras razões para o “tarifaço” está o fato de que Trump usa barreiras comerciais como forma de negociação política.
O ex-diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, afirmou que Trump mantém a crença no uso de tarifas como um instrumento útil para reforma econômica e pressão política. A declaração foi durante participação no programa WW Especial, exibido em janeiro, na CNN Brasil.
“Ele se deu conta que os Estados Unidos importam cerca de US$ 3 trilhões de dólares em bens e serviços em um ano. Isso é o PIB da França, e ele vai usar esse poder econômico que ele tem na área comercial para extrair resultados, não apenas na área econômica, mas na área política também”, disse.
Os economistas alertam, no entanto, que estas medidas terão impacto negativo nas empresas e nos consumidores americanos, muitos dos quais ainda se recuperam do forte aumento da inflação nos últimos anos. Um dos setores fortemente impactados é a indústria automotiva.
Os EUA importaram US$ 87 bilhões em veículos e US$ 64 bilhões em peças no ano passado, sem contabilizar dezembro, segundo dados do departamento do Comércio. Os veículos também foram o segundo maior bem que os EUA importaram do Canadá no ano passado até novembro, num total de US$ 34 bilhões.
Já os produtos eletrônicos de consumo estão entre os principais bens que os EUA importaram da China no ano passado, de acordo com dados comerciais federais. Isso inclui celulares, TVs, laptops, consoles de videogame, monitores e todos os componentes que os alimentam.
Ao mencionar “alguma dor”, Trump reconhece os efeitos colaterais de sua agressiva estratégia diplomática, que serão sentidos pela população.
*Com informações da CNN Internacional
Fonte: www.cnnbrasil.com.br