Em entrevista à CNN, o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, analisou a recente disputa entre Joe Biden e Donald Trump pelo crédito do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Em um pronunciamento no salão Oval da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden menciona o apoio do Egito e do Catar como mediadores nas negociações e atribui o resultado à “obstinada e meticulosa diplomacia americana”.
“A minha diplomacia nunca cessou os seus esforços para conseguir isto”, afirmou o presidente.
Já Donald Trump, que assume a presidência na próxima segunda-feira (20), atribuiu o sucesso do acordo à sua vitória nas eleições presidenciais em novembro que, segundo ele, “sinalizou ao mundo inteiro que a minha administração procuraria a paz”.
Efeito Trump
Segundo Trevisan, é comum que vitórias diplomáticas tenham vários responsáveis envolvidos, com diversos atores políticos buscando capitalizar sobre o sucesso das negociações.
Segundo o professor, o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, teria tido poder de negociação com ambos os lados do conflito.
Contudo, Trevisan aponta que o acordo mantém características similares à proposta de Biden do ano passado, incluindo a devolução de Gaza aos palestinos e a saída organizada do exército israelense.
O que levanta questionamentos sobre por que não foi implementado anteriormente.
Governo israelense
O primeiro-ministro israelense havia declarado que a paz só viria com a aniquilação do Hamas e a presença contínua do exército israelense em Gaza, cenário que não se concretizou.
“Esse acordo sinaliza que Netanyahu perdeu”, diz professor e observa que, desde o último sábado (11), as ações do exército israelense indicam uma retirada organizada, com mapas de evacuação já divulgados para a mesa de negociação.
“Netanyahu teve que recuar. Essa é a questão que está em aberto e que a gente vai ter que entender muito mais nos próximos dias”, conclui o especialista.
O acordo de cessar-fogo representa apenas o início de um longo processo para alcançar uma “paz duradoura”, conforme declarado pelo primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, principal mediador das negociações.
A implementação e o sucesso a longo prazo deste acordo permanecem como desafios significativos para todas as partes envolvidas.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br