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A Política de Gênero é uma das inovações do programa, que irá reassentar 832 famílias de áreas de risco


Estudo socioeconômico realizado durante a elaboração do Plano de Reassentamento do Programa de Saneamento Integrado (Prosai) de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), aponta que 55% das residências da área de intervenção de obras são chefiadas por mulheres. O programa estadual vai atender 832 famílias, cerca de 4,1 mil pessoas que vivem em locais de risco, com soluções de moradia. As unidades habitacionais construídas serão entregues para as mulheres chefes de família.
O Prosai Parintins é executado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb). O programa vai promover a requalificação urbanística no entorno da Lagoa da Francesa, com saneamento básico, habitação, equipamentos urbanos e reflorestamento.
O titular da Sedurb, Marcellus Campêlo, aponta a Política de Gênero e Diversidade do Prosai Parintins como um marco a ser destacado neste Mês das Mulheres. Ela prevê, além dos cuidados para aplicação de soluções igualitárias no reassentamento, a promoção de oportunidades, capacitação e geração de emprego e renda para as mulheres.
“Essas políticas incluem prioridade no acesso às unidades habitacionais, acompanhamento social para garantir que as beneficiárias tenham o suporte necessário e programas de capacitação profissional ou geração de renda, que visam fortalecer sua independência financeira”, explica Campêlo.
Campêlo ressalta que a entrega de unidades habitacionais às chefes de família é uma forma também de fortalecer a autonomia das mulheres. “Com isso, acreditamos promover justiça social e reduzir desigualdades, contribuindo para o empoderamento feminino e a construção de uma sociedade mais equitativa”, enfatiza.
Conforme o levantamento realizado, o Prosai Parintins tem 458 mulheres chefes de família. São 47 mulheres que desenvolvem atividades comerciais, 75 autônomas, 42 funcionárias públicas, 6 que trabalham com artesanato, 5 na agricultura, 155 estão desempregadas, 103 são beneficiárias de programas de previdência e 25 exercem outras atividades.
Dentre as mulheres que chefiam suas famílias está Kamila Aranha Rosas, de 36 anos, moradora da rua Silves, bairro Palmares. Para sustentar a família, Kamila atua em um segmento onde as mulheres estão em menor número. A autônoma tem uma banca de pescado em frente à casa do pai, que fica ao lado da Feira do Bagaço, no bairro Francesa, área de intervenção das obras do Prosai Parintins.
Kamila afirma que comanda a família com muita dificuldade, pois exerce o papel de mãe e pai ao mesmo tempo, tendo que se desdobrar para criar o filho de 11 anos com a profissão de vendedora de peixe, que herdou do pai. “Ser vendedora de peixe é um trabalho digno. Eu gosto, porque eu herdei do meu pai que era pescador”, conta.
Responsabilidade financeira
De acordo com a subcoordenadora de Projetos Sociais da UGPE, Viviane Dutra, o perfil das mulheres reflete a realidade de muitas brasileiras que, além de cuidarem de suas casas e filhos, também assumem a responsabilidade financeira do lar. “Essas mulheres, que trabalham em casa, ateliês, serviço público ou comércio, são exemplos de resiliência e determinação. Elas enfrentam desafios diários para garantir o sustento de suas famílias e, muitas vezes, precisam conciliar múltiplas jornadas”, comentou.
Viviane Dutra afirma que, em Parintins, as mulheres chefes de família que serão beneficiadas pelas ações do Prosai, residem em áreas de risco, sofrem em decorrência de cheias, com a falta de saneamento básico e tudo que isso acarreta à saúde e ao bem-estar. A maioria tem como fonte de renda o trabalho formal, iniciativa privada e serviços como autônomas.
Viviane ressalta que todas estão incluídas nas políticas de gênero do programa que, além de garantir melhorias na qualidade de vida, com reassentamento e soluções de moradia, também oferta capacitação e apoio na geração de emprego e renda para o público feminino.