Em entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (9), Juan Guaidó, opositor do governo de Nicolás Maduro, afirmou que Edmundo González é o presidente eleito da Venezuela.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país anunciou que Maduro foi o vencedor da eleição de julho do ano passado, mas a oposição diz que teve acesso a um número suficiente de atas eleitorais que confirma que González foi o verdadeiro ganhador.
A cerimônia de posse ocorrerá nesta sexta-feira (10), e o González afirma que irá ao país para assumir.
Ainda sobre isso, Guaidó afirmou que Maduro pretende “arrebatar o desejo popular” e, após ser perguntado se haveria algum apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), destacou que reconhecer a vitória do opositor é “reconhecer a democracia”.
À CNN, ele também comentou que é um momento de muita tensão na Venezuela e que não podem falar livremente no país.
Oposição denuncia suposto sequestro de María Corina Machado
Nesta quinta-feira, a oposição venezuelana denunciou a prisão da líder María Corina Machado, que havia participado de uma manifestação em Caracas. Entretanto, menos de duas horas depois, afirmaram que ela foi libertada.
“Durante seu sequestro, ela foi forçada a gravar vários vídeos e depois foi liberada. Nas próximas horas, ela se dirigirá ao país para explicar os acontecimentos”, adicionaram.
O ministro da Informação do governo da Venezuela, Freddy Ñáñez, alegou que as notícias sobre a detenção de Machado eram “distração da mídia”.
“A tática de distração da mídia não é nova, portanto ninguém deve se surpreender. Menos ainda vindo de fascistas que são os arquitetos do engano. Há poucos minutos, a direita vendeu a ideia de que [Machado] havia sido atacada e detida por ‘motociclistas do regime’”, pontuou o ministro no Telegram.
Protestos em Caracas
Grupos de manifestantes se reuniram em Caracas, capital da Venezuela, nesta quinta-feira (9), véspera da posse de Nicolás Maduro.
Em várias partes da cidade multidões de apoiadores da oposição pediram “liberdade”. Os apoiadores também foram vistos segurando cartazes de “González Presidente” e usando vuvuzelas.
Enquanto isso, no maior bairro da Venezuela, Petare, os apoiadores de Maduro também se reuniram no que eles chamam de “marcha pela paz e alegria”.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br