Os perdões de Donald Trump a mais de 1.500 de seus apoiadores que invadiram o Capitólio dos EUA há quatro anos atraiu críticas nesta terça-feira (21) de policiais que lutaram contra a multidão, de suas famílias e de pelo menos um dos colegas republicanos do presidente.
Trump concedeu clemência a quase todos os acusados de participar do ataque de 6 de janeiro de 2021. Cerca de 140 policiais ficaram feridos no tumulto, que levou os parlamentares fugirem do edifício para salvar suas vidas.
Craig Sicknick, cujo irmão, o policial do Capitólio Brian Sicknick, foi agredido durante a invasão e morreu de múltiplos derrames no dia seguinte, disse nesta terça-feira que Trump é o “puro mal”.
“O homem que matou meu irmão agora é presidente”, ele afirmou.
“Meu irmão morreu em vão. Tudo o que ele fez para tentar proteger o país, para proteger o Capitólio — por que ele se incomodou?”, disse Sicknick à Reuters. “O que Trump fez é desprezível e prova que os Estados Unidos não têm mais nada que se assemelhe a um sistema de justiça”, acrescentou.
Michael Fanone, um ex-policial do Departamento de Polícia Metropolitana de Washington que sofreu ferimentos graves durante o tumulto, disse na segunda-feira que está chateado com o fato de seis pessoas que o agrediram naquele dia saíram livres.
“Fui traído pelo meu país”, ele afirmou à CNN.
A clemência de Trump se estendeu às pessoas que cometeram contravenções, como invasão de propriedade, e àquelas que atacaram policiais, além do grupo muito menor que planejou o ataque.
Um dos colegas republicanos de Trump, o senador Thom Tillis, disse que perdoar os invasores que agrediram a polícia envia uma mensagem errada.
“Vi uma imagem hoje em meu clippping de notícias das pessoas que estavam esmagando aquele policial. Nenhuma delas deveria receber um perdão”, disse Tillis à Reuters.
“Você torna este lugar menos seguro se enviar o sinal de que policiais podem ser potencialmente agredidos e não há nenhuma consequência”, ele acrescentou.
Promessa de campanha
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, defendeu os indultos, alegando, sem provas, que muitas das condenações tiveram motivação política.
“O presidente Trump fez campanha com base nessa promessa”, afirmou, na Fox News. “Não deve ser surpresa que ele a tenha cumprido no primeiro dia.”
Uma manifestante, Ashli Babbitt, foi morta a tiros pela polícia durante o tumulto de 6 de janeiro, enquanto tentava forçar a entrada na Câmara. Quatro policiais que presentes naquele dia morreram mais tarde por suicídio.
Os indultos de Trump não foram os únicos de segunda-feira: em suas últimas horas no cargo, o ex-presidente Joe Biden perdoou preventivamente cinco integrantes de sua própria família, após perdoar o filho Hunter Biden, que havia sido acusado de fraude fiscal e compra ilegal de armas de fogo, no ano passado.
O democrata havia se comprometido anteriormente a não perdoar seu filho.
Tillis também criticou os perdões de Biden.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br