A França homenageou as ilhas de Mayotte, no Oceano Índico, devastadas por um ciclone violento em 14 de dezembro com um dia nacional de luto. Na segunda-feira (23) pela manhã foi feito um minuto de silêncio pelas dezenas de moradores mortos pela tempestade.
O ciclone Chido foi a pior tempestade a atingir as duas principais ilhas de Mayotte em 90 anos, e as autoridades disseram que talvez milhares de pessoas possam ter sido mortas, embora o número oficial do governo seja de 35 mortos.
Para prestar tributo às perdas de Mayotte, as bandeiras francesas foram baixadas a meio-mastro. Separadamente, bandeiras foram hasteadas a meio-mastro em Bruxelas e Estrasburgo, tanto em solidariedade a Mayotte quanto após os ataques de um mercado de Natal na Alemanha e em uma escola na Croácia.
“É uma comunhão no luto”, disse o primeiro-ministro francês François Bayrou aos repórteres. Ele afirmou que o dia mostrou solidariedade com os moradores de Mayotte e que a França estava “presente para reconstruir Mayotte e garantir que o povo de Mayotte se sinta amparado por todo o país.”
Após a tempestade, as autoridades disseram que os corpos podem ter sido enterrados rapidamente, por costume religioso, antes de serem contabilizados, e que muitas das vítimas podem ter sido imigrantes sem documentos.
Moçambique informou que 94 pessoas morreram no desastre, enquanto 13 morreram no vizinho Malawi, também após a passagem do ciclone Chido.
Raiva
O ritmo lento da ajuda e os atrasos na chegada de água potável irritaram os moradores de Mayotte, o território ultramarino mais pobre da França, localizado entre Madagascar e Moçambique, a cerca de oiot mil quilômetros do continente. Alguns insultaram o presidente Emmanuel Macron durante sua visita à ilha na semana passada.
Para Mohamed Abdou, um médico em Pamandzi, uma região de Mayotte, o dia de luto francês foi uma jogada política e não fez o suficiente para reconhecer o negligenciamento histórico até esse ponto.
“Seja em termos de hospitais, falta de infraestrutura de água, eletricidade, e assim por diante… nesse ponto, precisamos dizer ‘mea culpa’ e reconhecer que erros foram cometidos”, disse ele à Reuters, falando de sua cidade no sul da ilha menor de Mayotte.
François-Noël Buffet, ministro interino dos territórios ultramarinos da França, disse a uma emissora que a água – um ponto crítico mesmo antes do desastre – havia chegado à ilha, afirmando: “Não estamos sem água. Temos água, principalmente água engarrafada. Temos um problema de distribuição.”
Buffet disse que esperava que uma lei especial para a reconstrução de Mayotte fosse introduzida no início de janeiro.
Em Paris, Bayrou, o quarto primeiro-ministro da França neste ano, deve anunciar seu gabinete na noite de segunda-feira, embora o horário ainda fosse incerto. A presidência francesa disse que o anúncio só ocorreria ao final do dia de luto.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br