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Freis planejam protesto em mosteiro da Itália prestes a ser vendido

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O Padre Giuseppe Pagano está furioso. O frade agostiniano de 65 anos e seus três companheiros monges, que dedicaram suas vidas à oração silenciosa no mosteiro de Santo Spirito, em Florença, estão se preparando para lutar contra os planos de abrir uma casa de repouso de luxo no local.

“Não podíamos mais ficar em silêncio”, disse Pagano à CNN na sexta-feira (21), um dia depois de liderar um protesto no mosteiro onde Michelangelo viveu e que agora está cercado por equipamentos de construção. “Estamos prontos para ocupar o terreno.”

“No dia em que ouvirmos o início das obras, estaremos preparados para ocupar o lugar e fechar as portas”, disse Pagano. “Uma multa e tempo de prisão são um preço pequeno a pagar para defender o que é nosso.”

Fundado em 1397 para os frades eremitas que dedicaram suas vidas a São Agostinho, o mosteiro tem estado sob os cuidados da ordem agostiniana por séculos.

Michelangelo viveu e estudou lá, e o complexo atual, do outro lado do rio Arno, em frente ao centro histórico de Florença, ainda abriga o crucifixo de madeira esculpido pelo mestre renascentista para a sua basílica.

O complexo é parcialmente de propriedade do ministério da Defesa italiano. Em 1866, o então o estado italiano apreendeu os quartos superiores, relegando os frades para as áreas inferiores.

Agora, um antigo quartel militar no local, que será fechado em breve, poderá se transformar em uma casa de repouso de luxo, com varandas voltadas para um pátio fechado usado pelos frades.

Em 2022, o ministério da Defesa lançou um edital para a renovação de sua parte do complexo. O edital foi vencido pela empresa de desenvolvimento Fastpol, especializada em propriedades de luxo para aposentados e hotéis. O ministério anunciou a concessão do edital, mas se recusou a comentar sobre a disputa atual com os frades.

Os frades afirmam que foram mantidos completamente no escuro sobre o plano.

“Sabíamos há anos que o exército queria sair e pedimos para que nos mantivessem informados, apenas para descobrir por acaso que o ministério da Defesa havia colocado (os pátios) em licitação”, disse Pagano às pessoas que participaram do protesto de quinta-feira (20).

“A empresa que venceu está falando sobre uma casa de repouso, mas suspeitamos que será mais como um hotel cinco estrelas”, acrescentou Pagano, referindo-se ao orçamento e à especialidade dos desenvolvedores. “A ideia de hóspedes olhando das janelas de cima para o único pátio que usamos parece uma invasão de privacidade.”

Por isso, Pagano contou com o apoio do “Salviamo Firenze” (Salvemos Florença), um grupo criado para proteger a cidade do excesso de turismo, que prometeu se juntar aos monges no protesto, com planos de se barricarem dentro do mosteiro assim que as obras começarem.

Os frades que vivem no local, junto com a Universidade Agostiniana Villanova, na Pensilvânia (EUA), enviaram um pedido para se reunir com o ministro da Defesa no mosteiro para apresentar um plano alternativo, que incluiria um centro comunitário para a população da cidade. O pedido ficou sem resposta, disse Pagano em uma carta aberta ao prefeito de Florença, publicada na imprensa italiana.

Lorenzo Calvani, o advogado dos agostinianos, disse que eles prepararam uma ação legal caso o desenvolvimento siga adiante. “Não vamos ficar parados e assistir”, afirmou ele na quinta-feira. “Não vamos deixar pedra sobre pedra.”

Pagano e seus frades também pediram apoio à cidade de Florença, esperando que ela apoie o plano alternativo, que incluiria uma biblioteca, um refeitório, uma sala de conferências, além de uma casa de hóspedes para estudantes.

A solidariedade com os frades de Santo Spirito está crescendo.

Eike Schmidt, ex-diretor do museu Uffizi em Florença, está ajudando a angariar apoio. “Isso diz respeito à história e à própria identidade de Florença, da Itália e da nossa civilização”, disse ele à imprensa local.

“O pecado original remonta ao período da Unificação Italiana, quando o edifício foi dividido entre várias administrações. Mas o escândalo é o recente, quando, em total silêncio, a concessão para particulares foi iniciada”, disse Schmidt.

Uma coletiva de imprensa foi marcada para aumentar a conscientização sobre a causa dos frades. “Graças a Deus, a mobilização se expandiu”, disse Pagano. “A força vem do desejo de salvar um lugar que fez história em Florença desde 1250 (quando a ordem agostiniana estabeleceu sua base na cidade). Que continue sem perder sua identidade.”

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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