O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um “curto-circuito” decisório em seu terceiro mandato, segundo avaliação do cientista político Creomar de Souza, CEO da consultoria de análise política Dharma.
Em entrevista ao jornal WW na segunda-feira (10), Souza avaliou como complexa a relação entre o Palácio do Planalto e o atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), após acenos do parlamentar à direita.
Na última sexta-feira (7), em entrevista à rádio Arapuan FM, da Paraíba, Motta voltou a criticar o prazo de oito anos de inelegibilidade previsto na Lei da Ficha Limpa – caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – e afirmou que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe de Estado.
De acordo com o cientista político, o governo Lula passa por uma situação em que “muita gente puxa a corda, mas cada um para o seu próprio lado”. Para ele, esse cenário gera um “telefone sem fio governamental”, em que as informações chegam de maneira ruidosa aos diferentes setores da administração.
O CEO da Dharma também questiona a surpresa dos governistas diante do posicionamento crítico do presidente da Câmara em relação a algumas pautas do governo.
“Como alguém se surpreende com um político que tem uma biografia de direita, em um Congresso que está clivado à direita e que fez compromissos com um arco de alianças que vai de um grupamento minoritário, que é a base do governo, até um grupamento majoritário que é a oposição, com um posicionamento que seja crítico a alguma pauta do governo?”, indagou.
Creomar de Souza lembra que, embora Hugo Motta tenha demonstrado uma postura amistosa com o presidente Lula logo após a posse, o presidente da Câmara “não foi eleito só com os votos dessa canoa”, disse. Assim, “à medida que sua aproximação com o governo gerou desconforto na oposição, Motta se viu obrigado a reposicionar-se”, acrescentou.
Jogo político e marcação de território
Souza ressaltou que o processo de equilíbrio entre o Executivo e o Legislativo dependerá muito da capacidade de o governo de “entrar no jogo” e negociar. “O que você me devolve?”, exemplificou o analista ao simular o tipo de diálogo necessário entre as partes.
O cientista político concluiu destacando que Motta, como um político jovem e com ambições futuras, faz uma
“Há uma marcação clara de território e de agenda de um político que é jovem e com ambições futuras e que, obviamente, precisará se posicionar em uma série de temas importantes”, concluiu.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br