O ministro da Defesa de Israel ordenou ao Exército nesta quinta-feira (6) que prepare um plano para permitir a “saída voluntária” de moradores da Faixa de Gaza, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma ideia para assumir o controle do território.
Israel Katz saudou o anúncio de Trump sobre possivelmente reassentar os mais de 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza e transformar o território na “Riviera do Oriente Médio”.
“Os residentes de Gaza devem ter a liberdade de sair e emigrar, como é a norma em todo o mundo”, comentou Katz no X.
O ministro afirmou que o plano incluiria opções de saída por meio de passagens terrestres, bem como arranjos especiais para a saída por mar e ar.
Basem Naim, representante do Hamas, acusou Katz de tentar encobrir “um Estado que não conseguiu atingir nenhum de seus objetivos na guerra contra Gaza” e pontuou que os palestinos são muito apegados à terra para sair.
O chanceler israelense disse que os países que se opuseram às operações militares de Israel deveriam acolher os palestinos.
“Países como Espanha, Irlanda, Noruega e outros, que levantaram acusações e falsas alegações contra Israel por causa de suas ações em Gaza, são legalmente obrigados a permitir que qualquer residente de Gaza entre em seus territórios”, declarou.
“Sua hipocrisia será exposta se eles se recusarem a fazer isso. Há países como o Canadá, que tem um programa de imigração estruturado, que já expressaram anteriormente sua disposição de aceitar residentes de Gaza”, adicionou.
Essas falas atraíram críticas do ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares.
“A terra dos habitantes de Gaza é Gaza, e ela deve fazer parte do futuro Estado palestino”, pontuou Albares em uma entrevista à estação de rádio espanhola RNE.
Katz acusou o Hamas de manter os palestinos como reféns no território, impedindo sua saída e extorquindo dinheiro deles por meio do sistema de ajuda humanitária. Ele não entrou em detalhes.
Palestinos temem viver novo êxodo
A realocação de palestinos é uma das questões mais sensíveis no Oriente Médio. O deslocamento forçado ou coagido de uma população sob ocupação militar é um crime de guerra, proibido pelas Convenções de Genebra de 1949.
Os ataques israelenses que mataram dezenas de milhares de pessoas nos últimos 16 meses forçaram os palestinos a se deslocarem diversas vezes dentro de Gaza, em busca de segurança.
Mas muitos dizem que nunca deixarão o território, porque temem o deslocamento permanente, como na “Nakba”, ou catástrofe, quando centenas de milhares de pessoas foram tiradas de suas casas na guerra que deu origem ao Estado de Israel em 1948.
Muitos foram expulsos ou fugiram para Gaza, Cisjordânia e Estados árabes vizinhos, inclusive Jordânia, Síria e Líbano, onde seus descendentes ainda vivem em campos de refugiados. Israel contesta a versão de que eles foram forçados a sair.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br