Nos últimos cinco anos, um novo perfil de adolescentes tem enfrentado problemas com a Justiça criminal brasileira. O alerta foi feito pela juíza Vanessa Cavalieri, titular da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, ao CNN Entrevistas.
O movimento acontece desde 2019 e está ligado diretamente ao uso da tecnologia, segundo a magistrada.
“Durante a pandemia houve uma amplificação e uma super exposição a telas, até por causa do fato de estar todo mundo trancado em casa, isso gerou uma mudança. Passou a chegar outro tipo de adolescente que nunca frequentou o judiciário”, disse ao CNN Entrevistas.
“Adolescentes de classe média, classe alta, que estão em famílias estruturadas, que não passam privação material, que estudam em boas escolas, que aparentemente não tinham nenhum motivo que justificasse que eles fossem para vida do crime. Mas eles vão”, completou.
A juíza já passou por Nilópolis, uma das cidades mais pobres do estado do Rio de Janeiro, e Nova Friburgo, uma das mais ricas. Hoje comanda a vara que cuida de adolescentes que cometem delitos na capital fluminense.
Ela explica que a falta de supervisão de adultos é o fator crucial para caracterizar esse novo perfil.
“Quase sempre, quase na totalidade das vezes, esse envolvimento deles em atos infracionais, que é como a gente chama do crime do adolescente, tem um componente de uso da tecnologia sem supervisão de um adulto”, afirma.
A juíza sugere que os pais utilizem aplicativos de controle parental para garantir que os pais monitorem o que os filhos fazem no celular. E também propõe a limitação de telas a depender da idade da criança ou adolescente. Essas medidas poderiam ajudar a diminuir o risco de um comportamento criminoso despertar tão cedo.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br