O início da jornada empreendedora não é o único momento repleto de incertezas sobre a condução de um negócio bem-sucedido.
A continuidade do caminho também pode causar dúvidas a proprietários de negócios já em franca expansão, e que se veem diante da seguinte pergunta: como crescer de forma rápida, mas mantendo a segurança e desempenho do negócio?
Para que uma marca cresça de forma rápida, mas sem deixar de lado a segurança jurídica (e muitas vezes administrativa), algumas estratégias de expansão podem ser adotadas.
Duas das mais conhecidas são o licenciamento e o franchising.
Os dois modelos de expansão estão pautados no crescimento de um negócio a partir da força e autoridade de uma marca.
Contudo, para ambos os métodos, há vantagens e desvantagens, e o conhecimento sobre os objetivos do negócio é o que determina a escolha por um deles.
Qual a diferença entre franchising e licenciamento?
No licenciamento, terceiros são autorizados a utilizar uma marca e comercializar produtos ou serviços vinculados a ela.
Com isso, o empreendedor tem a liberdade de personalizar ou até mesmo criar novos itens que carregam a logotipo ou identidade visual daquela marca e basear suas vendas na autoridade e reconhecimento de um negócio já estabelecido.
Além disso, pode também fazer adaptações no modus operandi de seu próprio negócio criando diferentes estratégias de vendas em mercados regionais.
Já no franchising, a liberdade é um pouco menor. O empreendedor deve seguir determinados padrões estabelecidos pela rede franqueadora, incluindo atendimento, limpeza e até mesmo disposição de produtos em lojas físicas.
Em contrapartida, o franqueador oferece suporte contínuo ao franqueado, incluindo treinamentos, manuais operacionais e estratégias estabelecidas de marketing.
De modo geral, o que diferencia os dois modelos, além do apoio contínuo, é a transferência de know-how. Isto é, enquanto o franchising supõe a criação de métodos específicos para que o conhecimento de negócio e estratégias de gestão sejam passados adiante, o licenciamento se restringe a uma estratégia comercial.
O licenciamento pode coexistir com o franchising quando o empreendedor vende produtos licenciados dentro das unidades franqueadas ou, ainda, adota o modelo como uma etapa inicial de seu processo de expansão.
O objetivo seria ganhar experiência para depois partir para o franchising, considerado uma estratégia mais complexa e onerosa devido aos pilares que devem ser seguidos.
Como escolher?
De acordo com Lucien Newton, vice-presidente da vertical de consultoria da aceleradora especializada no mercado de franquias 300 Franchising, a decisão entre licenciamento e franchising depende de fatores como o grau de controle desejado, os recursos financeiros disponíveis e os objetivos de longo prazo.
O licenciamento, ele afirma, é indicado àqueles que desejam expandir sua marca de forma mais ágil em negócios que não seja necessária a transferência de conhecimento específico ou controle rigoroso das operações.
“Ele é ideal para empresas de moda, design ou produtos exclusivos, onde a personalização pode agregar valor, por exemplo”, diz.
Por outro lado, o franchising é a opção mais indicada para empreendedores que buscam crescer de forma sólida, padronizada e com controle operacional.
“É uma opção recomendada para empreendedores interessados em criar redes robustas e consolidadas, em segmentos diversos como alimentação, educação e serviços de saúde, onde a consistência é um fator crítico para a fidelização do cliente”, avalia.
Franquear, porém, depende de um modelo de negócio sólido, lucrativo e diferenciado.
“O franchising exige, antes de tudo, know-how e experiência comprovada na operação de um negócio rentável. Se o modelo de negócio não é lucrativo, o franchising não é recomendável, pois a replicação de algo que não gera resultados positivos dificilmente terá sucesso”, recomenda o especialista.
Sendo assim, a escolha por um dos dois modelos consiste, basicamente, na avaliação de três critérios: maturidade do negócio, objetivos de longo prazo e o grau de controle que o empreendedor deseja ter sobre o negócio.
Pontos de atenção
Ainda que não estabeleça regras específicas de padronização, é recomendado que empreendedores que optem pelo licenciamento estejam atentos a certas diretrizes que, juntas, podem impactar o desempenho do negócio.
Segundo Newton, um passo fundamental é que o licenciamento esteja pautado em questões contratuais bem definidas.
Alguns exemplos de detalhes contratuais essenciais são os usos permitidos da marca ou patente, a abrangência geográfica desse uso e também o tempo de duração.
“Tudo isso deve estar especificado no contrato, para que não haja divergências ou confusões relacionadas à marca”, avalia.
Além disso, é necessário adotar métricas e mecanismos de qualidade para proteger a identidade da marca. Exemplos incluem auditorias e pesquisas de satisfação para monitorar a experiência do cliente, já que a flexibilidade do modelo não impõe um controle sobre a qualidade dos serviços prestados.
“Isso é crucial, pois reclamações ou insatisfações podem comprometer a reputação da marca”, afirma.
O especialista também destaca que um dos erros mais comuns durante o processo de expansão está na confusão entre o que é exigido para cada modelo, o que leva o empreendedor a optar pelo licenciamento, ainda que o negócio não se encaixe nos padrões para isso, já que já determina diretrizes específicas e supõe transferência de know-how.
Isso pode gerar prejuízos a empresas que funcionam em países onde o modelo de franquias é regulamentado — como o Brasil.
“Esse é o erro central: tentar licenciar algo que exige suporte contínuo, treinamento e transferência de conhecimento, características que são parte essencial do modelo de franquia”, diz. Portanto, a atenção às leis é indispensável.
(Por Maria Clara Dias)
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Fonte: www.cnnbrasil.com.br