O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (9) o respeito à soberania nacional de cada país. Ele deu a declaração ao comentar a decisão da Meta de encerrar o seu programa de checagem de fatos e diminuir filtros de conteúdos no Instagram, Facebook e WhatsApp.
Lula anunciou que a decisão da empresa seria discutida pelo governo em uma reunião ainda nesta quinta. Depois, no entanto, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que o encontro foi marcado para esta sexta-feira (10). O horário ainda não foi definido.
“Eu vou fazer uma reunião hoje [amanhã] para discutir a questão da Meta. Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade de um cara que comete um crime na imprensa escrita”, declarou Lula, em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.
O CEO da plataforma, Mark Zuckerberg, também anunciou a intenção de trabalhar com o governo Trump contra ações de governos de todo o mundo que mirem empresas americanas e que defendam “mais censura”.
“O que nós queremos, na verdade, é que cada país tenha a sua soberania resguardada. Não pode um cidadão, não pode dois cidadãos, não pode três cidadãos acharem que podem ferir a soberania de uma nação”, disse Lula.
Lula falou sobre o assunto quando visitava uma exposição de obras relacionadas ao 8 de Janeiro. Ele também viu as fotos da nova galeria de presidentes da República, que foi danificada após os atos criminosos de invasão às sedes dos Três Poderes.
Ao analisar as fotografias de ex-presidentes, Lula opinou que era preciso incluir nos quadros a informação do período do mandato de cada líder. Segundo ele, é necessário “contar a história” de cada um.
O chefe do Executivo estava acompanhado da primeira-dama Janja Lula, do ministro Rui Costa, da Casa Civil, e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Também estava acompanhado de Valdomiro Luis de Sousa, um dos responsáveis pela exposição do 8 de Janeiro no Planalto.
Anúncio da Meta
Na terça-feira (7), em vídeo divulgado em seus perfis, Mark Zuckerberg anunciou que a empresa irá priorizar a “liberdade de expressão” em suas redes sociais e acabar com o programa de checagem de fatos e desinformações de conteúdos divulgados por usuários.
Ao defender uma parceria com o governo de Donald Trump, o empresário afirma, no vídeo, que “países da América Latina têm ‘tribunais secretos’ que podem ordenar que empresas silenciosamente retirem conteúdos” de plataformas.
A medida foi criticada pelo secretário de Políticas Digitais Secretaria de Comunicação da Presidência, João Brant. Para ele, a fala foi uma referência a ações do Supremo Tribunal Federal (STF).
Brant afirmou que, na prática, a Meta “vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online”.
Sobre o assunto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou na quarta-feira (8) que as redes sociais “só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira”.
“Aqui é uma terra que tem lei. As redes sociais não são terra sem lei. No Brasil, só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira, independentemente de bravatas de dirigentes das big techs”, disse Moraes durante uma roda de conversa em memória aos ataques criminosos de 8 de janeiro de 2023.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br