A Venezuela chegou a um acordo com os Estados Unidos para retomar os voos de repatriação de migrantes, anunciou o ditador Nicolás Maduro em um discurso televisionado neste sábado (22). Maduro disse que as viagens começariam neste domingo (23).
“Amanhã, graças à perseverança do governo, retomaremos os voos para continuar resgatando e libertando migrantes das prisões nos Estados Unidos”, afirmou Maduro.
A medida ocorre em meio a uma disputa diplomática entre os Estados Unidos e a Venezuela sobre os recentes voos de deportação de migrantes venezuelanos para El Salvador.
Como parte do programa de deportação rápida dos EUA do presidente Donald Trump, centenas de migrantes venezuelanos foram enviados para uma prisão em El Salvador.
“A Nayib Bukele, presidente de El Salvador, dizemos que você é responsável”, afirmou Maduro, acrescentando que os migrantes não cometeram crimes nos EUA ou em El Salvador.
“Você tem que garantir a saúde deles e, mais cedo ou mais tarde, você tem que libertá-los e entregá-los”, o líder venezuelano disse. Ele acrescentou que os deportados foram “sequestrados para campos de concentração em El Salvador ao estilo de Hitler”.
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, também disse na sexta-feira (21) que nenhum dos mais de cem de venezuelanos deportados pelos Estados Unidos para uma prisão salvadorenha é integrante da gangue criminosa Tren de Aragua da Venezuela, motivo apresentado por Washington para expulsá-los.
O presidente dos EUA, Donald Trump, invocou uma lei do século 18 no sábado (15) para deportar rapidamente pessoas que, segundo a Casa Branca, seriam integrantes da gangue venezuelana, declarada por Washington como grupo terrorista e inimigo estrangeiro.
Apesar de um juiz ter rapidamente bloqueado a medida, o governo de Trump deportou mais de 200 venezuelanos — 137 sob a lei de tempo de guerra — para El Salvador, onde eles estão detidos na prisão antiterrorismo do país por um ano, sujeito a renovação.
Enquanto isso, famílias e advogados têm buscado notícias sobre parentes e clientes que não conseguem mais contatar e exigem seu retorno à Venezuela.
A Venezuela diz que o Tren de Aragua foi efetivamente eliminado em 2023 e que a ideia de que ele ainda exista baseia-se em uma alegação da oposição política do país.
A gangue, que começou em uma prisão no estado venezuelano de Aragua e é acusada de tráfico sexual, assassinatos por encomenda e outros crimes, espalhou-se na última década para fora do país de origem, inclusive para os EUA, durante um êxodo de migrantes da Venezuela, segundo autoridades americanas e reportagens da mídia.
O governo de Trump tem até 25 de março para responder a um pedido judicial de detalhes sobre as deportações devido ao pedido de um juiz dos EUA para que o avião que transportava os deportados desse meia-volta.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br