No ano passado, policiais em serviço mataram 650 pessoas em São Paulo, em comparação com o ano anterior, quando foram registradas 353 vítimas em 2023, o aumento é de 84,1%. O número é o maior em três anos.
Ao considerar os policiais de folga, o número de vítimas sobe para 720 — aumento de 42% em relação a 2023.
Os dados são do Instituto Sou da Paz, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) e do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do Estado de São Paulo (GAESP).
Os números mostram o abuso da força e que o tema não está entre as prioridades da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de acordo com Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz. “É uma escolha política, evidenciada tanto pelos dados de letalidade policial, pelo esvaziamento das medidas de profissionalização do uso da força implementadas entre os anos de 2020 e 2022”, afirma.
O instituto alega que a Polícia Militar do Estado de São Paulo passou, entre 2020 e 2022 por um processo de implementação de medidas de profissionalização do uso da força, “que tem sido cotidianamente enfraquecidas na gestão do governador”.
Em nota à CNN, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que a atual gestão ampliou em 18,5% o número de câmeras operacionais portáteis (COPs) para uso da Polícia Militar do Estado de São Paulo, reforçando a transparência e a supervisão das operações
“Para reduzir a incidência de casos de MDIP, a PM investe no treinamento e capacitação do efetivo, uso de equipamentos de menor potencial ofensivo, como as armas de incapacitação neuromuscular, e as comissões de análise operacional. Esses grupos avaliam individualmente cada ocorrência a fim de promover ajustes e orientar a tropa, sempre que necessário”, disse a pasta.
O levantamento ainda destaca o aumento na letalidade policial na cidade de São Paulo e na região metropolitana da capital: o crescimento foi de 110% em relação ao ano anterior.
Mortes por PMs em serviço em São Paulo
- 2019 – 716
- 2020 – 659
- 2021 – 430
- 2022 – 256
- 2023 – 353
- 2024 – 650
Redução das investigações
O estudo mostrou que, enquanto a letalidade policial aumentou nos últimos anos, o número de autos de prisão em flagrante delito militar caiu pela metade em 2024, em comparação com o ano anterior.
Os processos administrativos disciplinares caíram cerca de 25% e os inquéritos policiais militares, 5%.
Em São Paulo, por determinação da SSP , todos os casos de morte decorrente de intervenção policial são investigados pelas polícias Civil e Militar com o acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário.
Vítimas são jovens pretos
Em 2024, cerca de 60% das vítimas de policiais militares em serviço no estado de São Paulo tinham entre 18 e 39 anos. O número de vítimas adolescentes chama atenção: foram 50 adolescentes mortos por policiais militares em serviço no ano de 2024, mais que a soma do número de adolescentes mortos em 2022 e 2023.
Cerca de 31% das vítimas foram brancas, 53% eram pardas e 9,8% pretas. As pessoas negras compuseram 62,9% de todas as vítimas de mortes cometidas em serviço por policiais militares do estado de São Paulo em 2024.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br