A Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo confirmou, por meio do Instituto Adolfo Lutz (IAL), a presença de norovírus em fezes humanas coletadas no Guarujá (SP) e Praia Grande (SP), na Baixada Santista, no litoral paulista.
O norovírus é responsável por causar gastroenterite, uma doença que causa sintomas como náusea, vômito, diarreia, dor abdominal. Por ser causada por vírus, é popularmente conhecida como “virose”. O surto no litoral de São Paulo superou 7.500 casos, de acordo com o levantamento da CNN.
O que é norovírus?
O norovírus é a principal causa de doenças transmitidas por alimentos. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, ele é responsável por 19 a 21 milhões de casos de doença a cada ano no país.
Apesar de não haver uma estimativa exata de casos de gastroenterite viral causada pelo norovírus no Brasil, a literatura médica indica que ele está associado a surtos de diarreia, principalmente em locais como creches, hospitais, cruzeiros e eventos com grande número de pessoas. “Sua alta contagiosidade contribui para sua ampla disseminação”, afirma Gabriel Hypolito, infectologista da Hapvida NotreDame Intermédica, à CNN.
A primeira descrição de surto de norovírus no mundo foi em 1968, na cidade de Norwalk, nos Estados Unidos. Por isso, a doença também é conhecida como “vírus Norwalk“.
“Ele é um dos principais vírus causadores de surtos de diarreia no mundo. Nos países onde a vacina de rotavírus já faz parte do calendário vacinal, o norovírus acaba sendo a primeira causa das diarreias de causas virais”, explica Emy Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein à CNN. O rotavírus é outra causa comum de gastroenterite viral.
Existem variantes do norovírus?
Os norovírus são divididos em 10 genogrupos e 49 genótipos. Os genogrupos GI, GII e GIV são os que causam doença em humanos. Segundo Gouveia, não existe um genogrupo mais grave do que outro.
“Tudo depende da resposta do sistema imunológico do paciente, do quanto sintomático o paciente está e o quanto ele consegue receber a hidratação e medicamentos”, explica.
Norovírus causa doença grave?
De acordo com Hypolito, geralmente, o norovírus causa doença leve e autolimitada, com sintomas como diarreia, vômitos e dor abdominal que duram de um a três dias.
“No entanto, a infecção pode se tornar grave em idosos, crianças pequenas, gestantes, pessoas com doenças crônicas ou imunossupressão”, alerta o infectologista. “O maior risco está na desidratação, que pode levar a complicações se não for tratada adequadamente”, completa.
Gouveia acrescenta, ainda, que quadros mais graves podem ocorrer em pessoas imunossuprimidas, como pessoas com HIV/Aids, portadores de imunodeficiência primária grave e doenças autoimunes, transplantados, pacientes em terapia renal substitutiva e pessoas que fazem uso contínuo de imunossupressores (medicamentos que evitam a rejeição do órgão transplantado).
“Não existe vacina específica e o tratamento domiciliar consiste em hidratação via oral, controle dos sintomas através de medicações e repouso. Caso o paciente apresente quadro mais grave, com dificuldade de hidratação oral e de medicamentos, pode ser necessária a internação hospitalar para hidratação e infusão de medicamentos endovenosos”, orienta a especialista.
O que pode causar surtos como o do litoral paulista?
Os surtos de norovírus, geralmente, ocorrem em ambientes com grande concentração de pessoas, segundo Hypolito, associado a fatores como:
- Más condições de higiene;
- Consumo de alimentos e água contaminados (especialmente mariscos e vegetais crus);
- Manipulação de alimentos por pessoas infectadas;
- Contaminação de superfícies e objetos frequentemente tocados;
- Ausência de práticas adequadas de higiene das mãos.
Segundo Gouveia, um dos fatores que fazem o norovírus ser altamente contagioso é a sua tolerância a temperaturas altas (até 62,78 °C). Além disso, alguns produtos de limpeza não possuem ação sobre o vírus.
“O álcool é menos eficaz para a limpeza do ambiente, assim como o produto alcoólico para higiene de mão”, afirma.
Diante disso, a principal forma de prevenção consiste na higienização das mãos com água e sabonete de preferência, higiene adequada dos alimentos e cozinhar bem os frutos do mar.
“O doente não deve manipular alimentos até dois dias após melhora dos sintomas. Ao lavar as roupas do doente, deve haver cuidado ao manipular roupas com sujidade, tendo o cuidado de utilizar água quente no ciclo”, orienta Gouveia.
Quando procurar um médico?
Segundo Hypolito, é importante procurar um médico se:
- Sintomas durarem mais de 3 dias;
- Houver sinais de desidratação, como boca seca, tontura, pouca ou nenhuma urina, ou urina muito escura.
- O paciente apresentar febre alta persistente.
- Houver sangue nas fezes ou vômitos frequentes.
- Crianças pequenas, idosos ou pessoas imunossuprimidas forem afetados.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br