Índia e Paquistão concordaram com um cessar-fogo imediato no sábado (10), interrompendo os piores combates em décadas entre os vizinhos que possuem arsenal nuclear, no momento em que os ataques pareciam estar saindo do controle.
Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha sido o primeiro a anunciar o cessar-fogo e reivindicado a autoria, Índia e Paquistão apresentaram relatos contraditórios sobre a extensão do envolvimento dos EUA no acordo.
Poucas horas após o anúncio, houve relatos de violações de ambos os lados, levantando questões sobre sua duração.
Como surgiu a trégua?
Pouco antes das 9h (horário de Brasília), 17h na Índia e no Paquistão, Trump anunciou o cessar-fogo em uma publicação na rede social Truth Social.
“Após uma longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos, tenho o prazer de anunciar que a Índia e o Paquistão concordaram com um CESSAR-FOGO TOTAL E IMEDIATO”, disse Trump, parabenizando os líderes de ambos os países por “usarem bom senso e grande inteligência”.
Logo depois, o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que a Índia e o Paquistão não apenas concordaram com um cessar-fogo, mas também “iniciaram negociações sobre um amplo conjunto de questões em um local neutro”.
Rubio disse que o cessar-fogo ocorreu depois que ele e o vice-presidente J.D. Vance passaram os últimos dois dias conversando com altos funcionários de ambos os países.
Um minuto depois, o Paquistão confirmou que o cessar-fogo entrou em vigor imediatamente. A confirmação indiana veio logo depois.
O Ministério da Informação da Índia afirmou que o acordo foi elaborado “diretamente entre os dois países”, minimizando o envolvimento dos EUA e contradizendo a afirmação de Trump. O ministério também afirmou que “não houve decisão” de manter novas negociações.
Autoridades paquistanesas elogiaram Washington.
“Agradecemos ao Presidente Trump por sua liderança e papel proativo em prol da paz na região”, disse o Primeiro-Ministro Shehbaz Sharif.
Uma fonte paquistanesa familiarizada com as negociações disse à CNN que os EUA – e Rubio, em particular – foram fundamentais para a concretização do acordo, traçando um panorama de negociações que estavam em dúvida até a confirmação da trégua.
Relatos divergentes
Não deveria ser surpresa que esses rivais tenham apresentado relatos contraditórios sobre como o cessar-fogo foi alcançado.
Segundo analistas, a Índia, que se considera uma superpotência em ascensão, há muito tempo resiste à mediação internacional, enquanto o Paquistão, fortemente dependente de ajuda externa, tende a acolhê-la.
“A Índia nunca aceitou mediação em nenhuma disputa, seja Índia-Paquistão ou Índia-China, ou qualquer outra”, disse a Dra. Aparna Pande, pesquisadora para Índia e Sul da Ásia no Instituto Hudson.
“O Paquistão, por outro lado, sempre buscou mediação internacional, então eles a elogiarão”, acrescentou, dizendo que é “a única maneira de pressionar a Índia a discutir e resolver a disputa na Caxemira”.
Os combates antes do cessar-fogo de sábado foram marcados por alegações, contra-alegações e desinformação de ambos os lados. Agora que o conflito foi interrompido, ambos os lados estão intensificando seus esforços para moldar as percepções sobre o que a luta alcançou e como terminou.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br