Em um mundo globalizado e polarizado, o papa Francisco não ficou imune às polêmicas durante o papado.
Veja algumas das atitudes e falas papais que geraram repercussão durante a liderança da Igreja Católica.
Deu tapa em fiel
No último dia de 2019, o papa Francisco dividiu opiniões após dar um tapa em uma fiel que o puxou pelo braço na Praça de São Pedro, no Vaticano.
O episódio ocorreu quando ele cumprimentava peregrinos e, de repente, uma mulher segurou a mão do pontífice e o puxou com força em sua direção.
O papa reagiu com um tapa no braço da seguidora e se afastou do local visivelmente bravo. Após a ampla repercussão das imagens, reproduzidas incessantemente ao redor do mundo, o papa usou sua primeira homilia de 2020 para denunciar a violência contra as mulheres e pedir desculpas.
“Muitas vezes perdemos a paciência, até eu, e peço desculpas pelo mau exemplo de ontem”, disse o papa a milhares de pessoas no final da tradicional missa de Ano Novo.
Criticou quem prefere ser “pai de pet” a ter filho
Em viagem relativamente recente, realizada em setembro de 2024, o papa Francisco criticou pessoas que preferem ter animais de estimação ao invés de filhos.
A “bronca” aconteceu durante sua passagem pela Indonésia, ao elogiar países que têm grandes famílias, com “três, quatro ou cinco filhos, que continuam avançando”.
“Continuem assim, vocês são um exemplo para todos, para os países em que – e isso pode soar engraçado – as famílias preferem ter um gato ou um cachorrinho em vez de uma criança”, acrescentou o pontífice.
Para o papa, “a grande riqueza que um país tem são os nascimentos” de crianças.
Meses antes, ele já tinha abordado a crise demográfica que atinge alguns países europeus, afirmando que “as casas estão cheias de objetos e vazias de crianças, tornando-se lugares tristes”.
Criticou métodos contraceptivos
Em uma conferência pró-natalidade em 2024, o pontífice afirmou que as armas destroem a vida e os contraceptivos a impedem. A crítica foi feita durante discurso em uma conferência sobre a crise demográfica na Europa.
“Neste momento, os investimentos mais rentáveis são a indústria de armas e os anticonceptivos. Uma destrói a vida e o outro a impede”, expressou, em mais uma manifestação a favor de maior natalidade, pedindo o compromisso de governos com decisões “sérias e eficazes” a favor da família.
O papa manifestou preocupação com a diminuição de nascimentos da Itália, que segundo ele “está perdendo progressivamente sua esperança no futuro, assim como o resto da Europa”.
“O Velho Continente se transforma cada vez mais em um continente velho, cansado e resignado”, afirmou, defendendo que as pessoas tenham filhos.
“O egoísmo, o consumismo, o individualismo fazem com que as pessoas fiquem saciadas, sozinhas e infelizes”, concluiu o papa.
Polêmica envolvendo expressão homofóbica
Em maio de 2024, o papa Francisco se envolveu em uma polêmica com a comunidade LGBTQIA+ quando o portal Dagospia, especializado em fofocas e bastidores, publicou que o pontífice usou uma expressão homofóbica em uma reunião a portas fechadas com bispos no Vaticano.
Segundo o portal, o papa usou a palavra “frociaggine” – algo que, em uma tradução livre, equivale à expressão “viadagem” em português. Trata-se de um termo pejorativo para descrever pessoas LGBTQIA+.
A notícia foi apurada pelos jornais Corriere della Sera e La Repubblica que, citando fontes, confirmaram a informação que o papa realmente usou a palavra “viadagem”.
Aconteceu no dia 20 de maio, no encontro entre Francisco e os bispos italianos que chegaram a Roma para a assembleia geral.
“Estávamos falando de uma questão muito séria. Em que medida os candidatos homossexuais ao sacerdócio devem ser admitidos nos seminários. E Francisco, ao mesmo tempo em que reiterava a necessidade de acolher a todos, em certo momento tentou dizê-lo à sua maneira, em tom coloquial: “Já existe muita ‘viadagem’ nos seminários” disse a fonte ao Corriere della Sera.
Alguns dias após a publicação das reportagens, o Vaticano divulgou um comunicado dizendo que Francisco não teve intenção de usar “linguagem homofóbica” e pedia desculpas àqueles que se sentiram ofendidos.
Após o relato inicial sobre o uso da palavra, o Corriere della Sera citou bispos que estavam na reunião e disseram que o papa, que é argentino, poderia não ter percebido que o termo italiano que usou era ofensivo.
Poucos dias depois, em 11 de junho de 2024, Francisco voltou a usar o termo “viadagem”. O episódio ocorreu no encontro a portas fechadas na Universidade Salesiana com cerca de 200 sacerdotes da Diocese de Roma.
O papa reiterou sua recusa em acolher jovens homossexuais que desejam se tornar padres. Segundo fontes presentes no encontro, citadas pela imprensa italiana, o pontífice disse: “Gays são bons sujeitos, seguem bons caminhos de fé, buscam o Senhor. Mas é melhor encaminhá-los a algum bom pai espiritual, a algum psicólogo…”
Em seguida, Francisco acrescentou: “Um padre até me disse que hoje ser homossexual é motivo de orgulho. Não, a ideologia gay é muito forte e não é boa, o lobby gay ideologiza o fenômeno” completando que “A ‘viadagem’ no Vaticano não é boa.”
Comunismo e a bandeira dos pobres
Em entrevista a um jornal italiano, o papa Francisco disse que os comunistas “roubaram” da Igreja a bandeira de ajuda aos pobres.
“Só posso dizer que os comunistas roubaram nossa bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho”, disse ele ao citar passagens bíblicas sobre a necessidade de ajudar os pobres, doentes e os necessitados.
O pontífice concluiu dizendo que os comunistas afirmam que essas ajudas humanitárias são do comunismo, mas que essa ideologia surgiu 20 séculos depois do cristianismo.
“Quando eles falam isso [que ajudar as pessoas carentes é comunismo], alguém pode dizer: então você é cristão”, concluiu Francisco.
Melhor ser ateu do que católico hipócrita
Em um sermão realizado em 2017, o papa Francisco criticou católicos com “vida dupla”, dizendo que é melhor ser ateu do que um católico hipócrita.
A crítica foi feita em relação a quem diz uma coisa e faz outra. Como os que dizem que são católicos e frequentam missa, mas não pagam aos funcionários salários apropriados, exploram pessoas, fazem negócios sujos e lavam dinheiro.
Sobre os que não praticam o que pregam, diz que causam escândalos e costumam ser motivo de comentários como: “se essa pessoa é católica, seria melhor ser ateu”, disse Francisco.
Crítica a muro de Trump
Em meio à polêmica durante o primeiro mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o papa Francisco criticou o projeto de construção de um muro na fronteira com o México.
“O medo nos torna loucos”, disse em 2019, após o republicano pedir ao Congresso americano 5,7 bilhões de dólares para financiar um muro entre os EUA e o México, para impedir a entrada de imigrantes sem permissão.
Na ocasião, Francisco disse que seria melhor “não levantar muros, mas pontes, para não responder ao mal com o mal, para vencer o mal com o bem”.
O pontífice também questionou duramente a separação de crianças migrantes e dos pais, afirmando que isso “vai contra o direito natural” e que era “a maior crueldade”.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br