Vencedor das eleições presidenciais do Equador com mais de 11 pontos percentuais, Daniel Noboa terá que negociar para estabelecer alianças em seu segundo mandato. A habilidade para as alianças determinará o futuro da sua política de mão dura para conter a criminalidade.
O Equador é proporcionalmente o país com a maior quantidade de homicídios da América Latina, com 38 para cada 100 mil habitantes. O índice do Brasil é de 21 para cada 100 mil habitantes.
Uma das medidas para as quais Noboa precisará de apoio do Legislativo, por exemplo, é para permitir a instalação de bases estrangeiras no país. Alinhado com Donald Trump, ele chegou a pedir ajuda ao presidente americano com forças dos EUA para combater a criminalidade no Equador.
Mas ainda que autorizado por Trump, a medida precisaria de aval legislativo para uma reforma parcial da constituição, que impede desde 2008 a presença de bases estrangeiras no país. A proposta de Noboa é a recuperação da base naval americana no porto pesqueiro de Manta, para a realização de patrulhas ao tráfico de drogas.
No entanto, com as bancadas do parlamento praticamente divididas entre aliados de Noboa e o correísmo – movimento político do ex-presidente Rafael Correa, pelo qual a candidata de esquerda Luisa González disputou as eleições -, sem que nenhuma das forças tenha maioria qualificada para a aprovação de propostas, o presidente reeleito do Equador pode se beneficiar da grande diferença de votos a seu favor no pleito.
“Isso dá uma margem de negociação para Noboa, que já foi capaz de fazer acordos na sua primeira administração, e que pesam na sua governabilidade”, explica a analista Caroline Ávila, professora da Universidade de Cuenca, da Universidade del Azuay e da Universidade Andina Simón Bolívar.
Ávila lembra que no primeiro governo Noboa chegou ao poder sem partido, mas conseguiu estabelecer alianças com partidos independentes e conquistar maioria legislativa, conquistando seu próprio espaço político ao longo do seu mandato.
“Ele demonstrou ser capaz de mostrar eficiência e quando se trata de relacionamento com a Assembleia. Mas isso dependerá muito de qual papel os correístas vão assumir, se irão ocupar um espaço de fiscalização e oposição crítica, ou se vão dar um tempo de tolerância para ele”, explica.
Ávila ressalta, no entanto, que o grande desafio de Noboa será obter resultados rapidamente.
“Ele difundiu profusamente essa política de mão dura nas redes sociais. Mas em termos reais, a execução é outra, e as pessoas agora precisam ter evidência de que há resultados”, explica, afirmando que se o presidente reeleito não resolver as demandas urgentes da população, pode perder essa favorabilidade.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br