O papa Francisco expressou desejo de visitar a China e já tentou marcar reunião com o presidente chinês, contudo não chegou a fazer uma viagem ao país.
O Vaticano buscou um encontro do papa com Xi Jinping no Cazaquistão, mas China recusou, segundo uma fonte. Um encontro entre os dois homens, por mais breve que fosse, teria sido histórico.
A China, um Estado oficialmente ateu, abriga milhões de católicos, mas o governo mantém uma relação complexa com o Vaticano.
O Partido Comunista Chinês, oficialmente ateu, e a Santa Sé não mantêm relações diplomáticas formais desde 1951, quando o regime comunista rompeu os laços e expulsou o enviado papal.
Estima-se que existam cerca de 6 milhões de católicos na China, segundo dados oficiais, mas o número real pode ser maior considerando aqueles que frequentam igrejas clandestinas.
Em 2014, o papa Francisco enviou uma mensagem a Xi Jinping ao sobrevoar o espaço aéreo chinês a caminho da Coreia do Sul. Em 2023, durante visita à Mongólia, enviou saudações ao povo chinês e pediu aos católicos chineses que fossem bons cristãos e bons cidadãos.
Falando a repórteres que o acompanharam em seu voo para a república da Ásia Central, Francisco foi questionado se poderia se encontrar com Xi na capital Nur-Sultan, onde os dois homens estariam.
“Não tenho notícias sobre isso”, respondeu o papa. “Mas estou sempre pronto para ir à China”, ele acrescentou.
Francisco tentou aliviar as relações historicamente ruins entre a Santa Sé e a China e disse à Reuters que esperava renovar um acordo secreto e contestado sobre a nomeação de bispos católicos romanos na China.
Taiwan: tema controverso
Um dos pontos controversos na relação entre Pequim e a representação da Igreja Católica está no fato do Vaticano reconhecer a soberania de Taiwan, ponto de discórdia com a China, que reivindica a ilha como parte do território chinês.
Taiwan, por sua vez, reagiu prontamente à notícia da morte do Papa Francisco. O presidente Lai Ching-te expressou condolências em nome do povo taiwanês. O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan anunciou o envio de um emissário ao funeral do Papa.
A independência da ilha não é o principal ponto de discórdia entre a Igreja e o governo comunista. A nomeação de bispos católicos na China tem sido um ponto de conflito entre o Vaticano e Pequim.
O Partido Comunista Chinês exerce controle rígido sobre a religião na China, permitindo o culto apenas em igrejas controladas pelo Estado. Os católicos chineses, estimados em cerca de 10 milhões, dividem-se entre a igreja sancionada pelo Estado e uma igreja clandestina fiel ao Vaticano.
O Papa Francisco chegou a firmar um acordo histórico, porém controverso, com o governo chinês em 2018, renovado em 2020 e 2022, com nova prorrogação em 2026, para abordar essa questão.
O acordo de 2018 buscava um meio-termo na nomeação de bispos. Seus detalhes não foram divulgados, gerando preocupações entre membros da igreja clandestina, que temem ser abandonados. O Vaticano defende o acordo, afirmando que ele está produzindo resultados e espera abrir um escritório permanente na China.
Críticos questionam a união da Igreja com o governo chinês, que tem restringido a liberdade religiosa sob a liderança de Xi Jinping. O Vaticano insiste que o acordo visa expandir o número de fiéis católicos na China. A situação deixa os católicos em Taiwan apreensivos sobre seu futuro caso o Vaticano altere sua posição diplomática.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br