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Preso por 14 anos, Mujica passou 10 deles em solitária; relembre período

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José “Pepe” Mujica, o ex-presidente do Uruguai, que governou o país entre 2015 e 2018, morreu na terça-feira (13), aos 89 anos.

Antes de se tornar presidente, Mujica já era conhecido pela atuação política no país. Ele foi um dos fundadores do principal grupo guerrilheiro do Uruguai, Movimento de Liberação Nacional — Tupamaros, ficou preso mais de uma década, foi torturado pela ditadura e acabou chegando ao poder décadas depois.

Conhecido somente como “Tupamaros”, o grupo nasceu nos anos 1960 e atuava com o roubo de locais para se autofinanciar, sequestros — inclusive do então cônsul brasileiro em Montevidéu, Aloysio Dias Gomide — e atentados contra autoridades e colaboradores da ditadura uruguaia (1973–1985).

Mujica foi preso quatro vezes, passou 14 anos preso e fugiu da cadeia em duas ocasiões.

A primeira prisão foi em 1964, pelo roubo ao depósito de uma fábrica em Montevidéu para financiar a guerrilha.

Em 1971, após ser detido novamente, conseguiu escapar por um túnel, com outros guerrilheiros e alguns presos comuns, da penitenciária de Punta Carretas, em uma fuga massiva, de 111 detentos, que entrou para a história do Uruguai.

Em uma das vezes que foi preso, Mujica foi atingido por tiros disparados pelos policiais e quase morreu. Algumas das balas ficaram em seu corpo.

O período mais longo que passou na prisão, de doze anos, coincidiu com o início da ditadura no país, após o golpe de Estado de 1973.

Ele e outros guerrilheiros detidos acabaram usados como “reféns” dos militares, que os mantiveram como moeda de troca, sob ameaça de matá-los, para evitar novas ações da guerrilha.

Pepe Mujica: relembre a vida do ex-presidente do Uruguai

Tortura e solitária na prisão

O grupo foi transferido de prisão para prisão no interior do Uruguai, foi torturado e privado de alimentos e água, o que levou o ex-presidente a beber a própria urina.

Ele também passou cerca de uma década em solitárias, perdeu os dentes por espancamentos e teve problemas no intestino e nos rins, além de alucinações auditivas.

Em 1985, com o decreto de anistia a presos políticos que acompanhou o retorno à democracia, Mujica e os demais guerrilheiros foram libertados.

De prisioneiro a presidente

José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, autografa a edição italiana de seu livro “Una pecora nera al potere”, de Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, em 28 de agosto de 2018 em Livorno, Itália • Laura Lezza/Getty Images

Com a redemocratização, ele fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), sigla que passou a integrar a Frente Ampla, única coalizão de esquerda do país. No ano de 1994, Mujica foi eleito deputado por Montevidéu, e em 1999, senador.

Em 2004, reeleito, ele se tornou o senador mais votado da história do país.

Já em 2005, acabou nomeado ministro de Agricultura por Tabaré Vázquez, aliado na coalizão Frente Ampla, que se tornou o primeiro presidente de esquerda do Uruguai.

Nas eleições seguintes, aos 75 anos, Mujica venceu o ex-presidente Luis Alberto Lacalle Herrera, com 52,59% dos votos no segundo turno.

À diferença de seu antecessor, que vetou a lei de descriminalização do aborto que foi aprovada por ambas câmaras do legislativo em 2008, Mujica defendeu, durante a campanha, a laicidade do Estado e disse que não se oporia à lei se a interrupção voluntária da gestação fosse votada novamente.

Além de apoiar a legalização, aprovada pelo Legislativo durante seu governo, Mujica criou programas de moradia para a população de baixos recursos, promoveu a lei que regulamentou e passou para o Estado a produção e venda de maconha no país.

Como presidente, ele deu refúgio a prisioneiros da penitenciária de Guantánamo que estavam encarcerados há anos sem julgamento e apoiou a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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