As recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre assumir a Faixa de Gaza estão gerando preocupações significativas no cenário internacional.
Segundo o professor Vitelio Brustolin, pesquisador de Harvard e docente da UFF, essas afirmações podem ter sérias implicações para o direito internacional e a estabilidade global.
Em entrevista à CNN, Brustolin explicou que as palavras de Trump, mesmo que possam ser consideradas uma tática de negociação, têm peso significativo na diplomacia. “A interpretação é de que acabou o direito internacional, acabou o sistema”, afirmou o especialista, destacando que tais declarações violam os princípios fundamentais das Nações Unidas.
Impacto nas relações internacionais
O professor ressaltou que as falas de Trump não se limitam apenas à questão palestina.
“Ele também falou em tomar o canal do Panamá, em comprar a Groenlândia, em transformar o Canadá no 51º Estado”, exemplificou Brustolin, indicando um padrão de declarações que desafiam a estrutura da comunidade internacional.
Brustolin também alertou para as possíveis consequências dessas declarações em outros conflitos globais.
Países com aspirações de anexação territorial, como China e Rússia, podem interpretar essas falas como um sinal verde para suas ambições expansionistas, potencialmente afetando regiões como Taiwan e Ucrânia.
Complexidade regional
O especialista também abordou o papel do Irã na situação, explicando que o país financia cerca de 70% dos recursos de grupos como o Hamas e o Hezbollah.
Essa influência iraniana complica ainda mais as possibilidades de negociação direta entre os Estados Unidos e o Hamas.
Brustolin lembrou que os EUA já mediaram acordos importantes na região, como os Acordos de Camp David e os recentes Acordos de Abraão.
No entanto, o especialista alertou que as declarações de Trump podem comprometer esses avanços diplomáticos, inclusive as negociações em andamento com a Arábia Saudita.
As declarações de Trump representam uma mudança significativa na política externa americana tradicional, que historicamente apoiava a solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino.
Essa nova postura pode ter ramificações duradouras para a paz e a estabilidade no Oriente Médio e além.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br