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Protestos contra a corrupção e em apoio à Lava Jato levam milhares às ruas

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Do UOL, em São Paulo*

4.dez.2016 – Garoto com a bandeira do Brasil pintada no rosto participa de protesto a favor da Lava Jato no Farol da Barra, em SalvadorImagem: Raul Spinassé/Agência A Tarde/Estadão Conteúdo

Milhares de manifestantes protestaram nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal, neste domingo (4), contra a corrupção e a favor da Operação Lava Jato. Sem uma pauta única, os manifestantes pediam, entre outras medidas, a rejeição às mudanças no pacote de medidas anticorrupçãoaprovadas pela Câmara dos Deputados, e o fim do foro privilegiado.

Os protestos tiveram como principais alvos os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), bem como “políticos corruptos” de forma generalizada. O presidente Michel Temer foi poupado e recebeu apenas críticas pontuais nas manifestações.

Os atos foram convocados pelas redes sociais por grupos como Vem Pra Rua e MBL (Movimento Brasil Livre), os mesmos que encabeçaram as manifestações a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). O Vem Pra Rua diz que os protestos aconteceram em 245 cidades, mas não informa a estimativa de público total.

Em São Paulo, as manifestações concentraram-se na avenida Paulista a partir das 14h; organizadores falam em 200 mil pessoas e a Polícia Militar, em 15 mil. Em Brasília, a chuva dispersou os manifestantes; a organização calcula 30 mil e a PM fala em 5.000. Em Curitiba, o ato foi em frente à sede da Justiça Federal; a organização estimou o público em 50 mil e a PM, em 8.000.

Em nota, Renan e Maia afirmaram que as manifestações são “legítimas”. A Presidência da República também divulgou nota sobre os atos, afirmando que os Poderes devem estar “sempre atentos às reivindicações da população brasileira”.

Vem Pra Rua

Rogério Chequer, líder do Vem pra Rua, disse que o grupo não defende a saída do presidente. “Não temos nenhuma evidência que seja suficiente para nós iniciarmos um processo mais grave que vai destruir o pouco de estabilidade que a gente conseguiu reconquistar.” Ele disse que o grupo “está de olho” em Temer e que o governo tem “coisas boas e coisas ruins”.

Pacote contra a corrupção

Inicialmente, os protestos seriam contra a proposta de conceder anistia ao crime de caixa 2, articulada na Câmara. A medida, porém, foi deixada de lado pela cúpula do Congresso e pelo governo, em meio a manifestações contrárias e à crise envolvendo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que levou à saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo.

As manifestações passaram a focar, então, no pacote de medidas anticorrupção, aprovado pela Câmara na madrugada de quarta-feira (30). O texto aprovado pela Câmara, porém, sofreu diversas mudanças. Dos dez tópicos originais, apenas quatro foram mantidos –outros três pontos foram adicionados pelos deputados.

Uma das alterações prevê que juízes e promotores respondam por crime de abuso de autoridade. Os membros do judiciário e do Ministério Público criticaram a decisão. Em debate no Senado, o juiz Sergio Moro classificou a votação como “emendas da meia-noite”.

Segundo críticos, a votação teria sido feita num momento de comoção nacional por causa do acidente aéreo com a equipe da Chapecoense —a Câmara nega tal motivação.

“Fora, Renan”

Além das polêmicas mudanças no pacote anticorrupção, os protestos pelo país também pediram o fim do foro privilegiado e a saída de Renan Calheiros.

Após a aprovação do pacote anticorrupção na Câmara, Renan colocou em votação no plenário do Senado um requerimento de urgência para a votação do projeto ainda na quarta-feira (30). O requerimento, porém, foi rejeitado por 44 votos a 14.

Na quinta-feira (1º), o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu abrir ação penal e transformar em réu o presidente do Senado pelo crime de peculato (desvio de dinheiro público). É a primeira vez que Renan se torna réu em uma ação penal.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República acusa o senador de ter desviado parte de sua verba parlamentar, à que todo senador tem direito para pagar por atividades do mandato, para pagar a pensão alimentícia de uma filha.

(*Com informações de Ricardo Marchesan e Estadão Conteúdo)

O presidente Michel Temer foi poupado e recebeu apenas críticas pontuais nas manifestações.

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