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Ropa: entenda método de fertilização feito por Ludmilla e Brunna

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A cantora Ludmilla, 29, e a dançarina Brunna Gonçalves, 32, anunciaram a gravidez do primeiro bebê juntas no sábado (9), durante show da turnê “Numanice 3”, em São Paulo. Em entrevista ao Fantástico, exibida no domingo (4), elas contaram que o bebê foi concebido por fertilização in vitro.

Na conversa, o casal contou que escolheu o método Ropa, sigla para “recepção de oócito da parceira”. Nesse tipo de fertilização in vitro, uma das mulheres tem seus óvulos fecundados por um espermatozoide doador e a outra mulher recebe os óvulos em seu útero e, portanto, será a gestante. No caso, Ludmilla teve seu óvulo fecundado com esperma doado, que foi implantado em Brunna.

“Nesse método, as duas participam do processo: uma fornecendo os óvulos e a outra fornecendo o útero para que a maternidade possa ser completa e conjuntamente compartilhada com as duas”, explica Fernando Prado, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, à CNN.

Dessa forma, no método Ropa, o bebê terá a carga genética de uma das mulheres — a que doou os óvulos — e será gerado por outra. É possível realizar alterações epigenéticas nos óvulos para que a criança tenha características da mãe que ficou grávida também.

“Mas se fizermos um teste de DNA, ele vai dar 99,9% compatível com a mãe que fornecer os óvulos, porque a epigenética está mais relacionada com as características de personalidade, dom artístico, gosto por algum tipo de alimento e, até mesmo, traços físicos, mas não pode ser detectado em um teste de DNA”, explica Prado.

O método Ropa pode ser indicado em dois casos: por escolha do próprio casal ou por recomendação médica, se uma das mulheres apresentar alterações nos ovários ou risco de doenças hereditárias.

O que é fertilização in vitro?

A fertilização in vitro é um método de reprodução assistida em que o óvulo é fecundado em laboratório e inserido no útero.

“Nele, nós obtemos óvulos de uma mulher e, após uma estimulação no ovário para conseguir o maior número de óvulos, fertilizados no laboratório, seja pela técnica de fertilização in vitro tradicional — em que você coloca óvulos e espermatozoides no mesmo lugar e deixe que a fertilização ocorra espontaneamente — ou pela técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoides no óvulo, em que um espermatozoide é injetado diretamente em um óvulo maduro”, explica Roberto de Azevedo Antunes, diretor médico da FERTIPRAXIS – Centro de Reprodução Humana e diretor da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), à CNN.

No Brasil, a reprodução assistida de casais homoafetivos é legalizada desde 2015. No caso de casais homoafetivos do sexo feminino, o processo é feito com a doação do sêmen, de forma anônima.

Já entre os casais do sexo masculino, é necessária a doação do óvulo e a cedência temporária do útero por uma mulher, conhecida como barriga solidária, que deve ser feita por uma mulher que tenha ao menos um filho vivo e pertença à família de um dos parceiros, com parentesco consanguíneo de até 4º grau.

A fertilização in vitro é diferente de inseminação artificial, ou inseminação intrauterina, em que a indução de ovulação é feita em uma paciente e, no momento da ovulação, o sêmen é depositado no colo do útero através de um cateter.

“Na inseminação intrauterina, usamos um hormônio para fazer com que os folículos se rompam, liberando os óvulos. A ovulação acontece 36 horas após o uso dessa medicação e então o sêmen doado é colocado em um cateter (tubinho de plástico flexível) que, por sua vez, é introduzido no colo do útero da paciente para inserção dos espermatozoides na cavidade uterina”, explica Prado.

“A partir daí todo processo é natural: os espermatozoides irão nadar até as tubas uterinas, encontrar os óvulos, fertilizá-los e desenvolver os embriões, que, depois, irão implantar o útero, levando à gravidez”, acrescenta.

Quanto tempo dura o processo de fertilização in vitro?

A duração da fertilização in vitro pode variar de acordo com cada caso. Segundo Antunes, a média do período de estimulação até a coleta dos óvulos é de duas semanas. Após isso, há um período de cultivo dos embriões, que pode variar de cinco a sete dias.

“Se a paciente quiser fazer uma análise genética desses embriões para avaliação cromossômica, os embriões são biopsiados e congelados, e o resultado leva em torno de dez dias para sair. Tendo embriões transferíveis, é importante preparar o útero e isso vai levar mais, aproximadamente, um mês”, explica o especialista. “No caso de uma transferência a fresco, ou seja, transferir diretamente o embrião, o estímulo leva duas semanas, o cultivo leva cinco dias e, após a transferência, tenho resultado positivo ou não da gravidez após 15 dias”, completa.

Há riscos na fertilização in vitro?

Segundo os especialistas consultados, a fertilização in vitro pode levar a duas complicações: a gestação múltipla e a síndrome de hiperestímulo ovariano.

No primeiro caso, é possível evitar a gestação múltipla ao transferir para o útero apenas um embrião de cada vez. “Isso evita gravidez de gemelares, ou seja, dois ou três bebês, porque essa é sempre uma gravidez de alto risco. O bebê pode nascer prematuro e ter todas as sequelas, além de a mulher poder ter pressão alta, diabetes gestacional e uma série de outras questões”, completa.

Já a síndrome de hiperestímulo ovariano é uma complicação mais rara, caracterizada pela produção de 30 ou mais óvulos. “Isso pode ser arriscado, pois a mulher pode perder os ovários e, até mesmo, correr risco de morte. Mas é uma situação bem rara, que acontece em menos de 1% das vezes”, afirma.

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Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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