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Rússia condena jovem a quase três anos de prisão por protesto antiguerra

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Um tribunal de São Petersburgo condenou uma jovem de 19 anos a quase três anos em colônia penal após ela ser acusada de repetidamente “desacreditar” o exército russo, inclusive colando uma citação de um poeta ucraniano em uma estátua.

Darya Kozyreva foi condenada a dois anos e oito meses, informou o Serviço de Imprensa Conjunto dos Tribunais de São Petersburgo em comunicado nesta sexta-feira (18).

Kozyreva foi presa em 24 de fevereiro de 2024, após colar um verso do poeta ucraniano Taras Shevchenko em seu monumento em São Petersburgo, de acordo com a OVD-Info, uma organização independente russa de direitos humanos.

O verso do livro “Meu Testamento”, de Shevchenko, dizia: “Ó, enterrem-me, então levantem-se / E quebrem suas pesadas correntes / E reguem com o sangue dos tiranos / A liberdade que vocês conquistaram”, disse a OVD-Info.

Um segundo processo foi aberto contra ela em agosto de 2024, após uma entrevista à Rádio Europa Livre na qual ela chamou a guerra da Rússia na Ucrânia de “monstruosa” e “criminosa”, disse o OVD-Info.

Durante uma de suas audiências, a adolescente alegou que havia apenas recitado um poema e colado uma citação em ucraniano, “nada mais”, informou o serviço de imprensa do tribunal.

A ativista antiguerra já teve problemas com a lei, tendo sido detida em dezembro de 2022, quando ainda cursava o ensino médio, por escrever “Assassinos, vocês bombardearam. Judas”, em uma instalação dedicada à interlocução da cidade russa de São Petersburgo com Mariupol, na Ucrânia, disse o grupo de direitos humanos.

Ela foi então multada por “descrédito” um ano depois e expulsa da universidade por uma publicação em uma plataforma de mídia social russa que discutia a “natureza imperialista da guerra”, de acordo com a Memorial, uma das organizações de direitos humanos mais respeitadas do país.

Descrevendo Kozyreva como prisioneira política, o Memorial condenou as acusações contra ela como “absurdas” em um comunicado no ano passado, afirmando que visavam suprimir a dissidência.

Os promotores buscavam uma sentença de seis anos para Kozyreva, informou o canal de mídia independente russo SOTA Vision de dentro do tribunal. Imagens de vídeo da Reuters mostraram Kozyreva sorrindo e acenando para apoiadores ao deixar o tribunal.

O advogado de Kozyreva disse à Reuters que eles provavelmente recorreriam.

A diretora da Anistia Internacional para a Rússia, Natalia Zviagina, classificou o veredito como “mais um lembrete assustador de até onde as autoridades russas irão para silenciar a oposição pacífica à sua guerra na Ucrânia“.

“Daria Kozyreva está sendo punida por citar um clássico da poesia ucraniana do século XIX, por se manifestar contra uma guerra injusta e por se recusar a permanecer em silêncio. Exigimos a libertação imediata e incondicional de Daria Kozyreva e de todos os presos sob as ‘leis de censura de guerra’”, disse Zviagina em um comunicado.

A Rússia tem um histórico de tentativas de reprimir a dissidência antiguerra entre sua geração mais jovem. No ano passado, a CNN noticiou que pelo menos 35 menores enfrentaram acusações criminais por motivação política na Rússia desde 2009, de acordo com o OVD-Info. Desses, 23 casos foram iniciados desde que a Rússia iniciou sua invasão em larga escala da Ucrânia em 2022.

Atualmente, mais de 1.500 pessoas estão presas por motivos políticos na Rússia, de acordo com uma contagem do OVD-Info, com a repressão de Moscou à dissidência se intensificando desde o início da guerra. Desde então até dezembro de 2024, pelo menos 20.070 pessoas foram detidas por opiniões antiguerra, e houve 9.369 casos de “descrédito do exército”, relacionados a ações que incluíam postagens em mídias sociais ou uso de roupas com símbolos da bandeira ucraniana, de acordo com o OVD-Info.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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