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Sem expectativa de surpresa nos juros, foco está na sinalização de Galípolo

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encerra a segunda reunião de 2025 nesta quarta-feira (19), com todas as fichas do mercado na aposta de nova alta de 1 ponto, elevando os juros a 14,25% ao ano.

Caso a expectativa se concretize, será o maior patamar da Selic desde 2016, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

Sem expectativa de surpresa no resultado, as atenções dos analistas se voltam ao tom do comunicado do Copom, e, principalmente, se haverá um foward guidance — ou seja, a orientação futura — sobre os próximos passos dos juros.

Economistas ouvidos pela CNN ressaltam que esta será a primeira sinalização futura de Gabriel Galípolo com comando total da estratégia da política monetária.

Apesar de ter assumido o cargo no início do ano, a decisão tomada pelo BC em janeiro e a esperada para esta quarta seguem justamente o foward guidance dado pelo Copom em dezembro passado — quando ainda estava sob comando do ex-presidente Roberto Campos Neto.

No último encontro de 2024, o colegiado aumentou os juros em 1 ponto, a 12,25% ao ano, e sinalizou mais duas elevações de mesma magnitude em janeiro e março.

A decisão do Copom nesta quarta ocorre em meio cenários de alta pressão na inflação doméstica — que caminha para encerrar novamente acima da meta, — e incertezas com os rumos da economia dos Estados Unidos — e os seus impactos na decisão dos juros do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).

O que se espera do comunicado?

Para Davi Lelis, economista da Valor Investimentos, o BC deveria sinalizar uma postura mais dura para as próximas reuniões — ou, na linguagem do mercado, um tom mais hawkish.

“O guidance que esperamos das próximas reuniões e o direcionamento do Banco Central a partir de agora é um guidance ainda hawkish, ainda contracionista na política monetária. Isso quer dizer que os juros devem permanecer mais altos por mais tempo”, diz o analista.

O economista e CIO da Nomos, Beto Saadia, ressalta a necessidade de o BC “mostrar rigor muito grande”.

Segundo ele, o colegiado deve expôr no comunicado preocupações com o lado fiscal, sobretudo com as recentes ações do governo federal, como a medida provisória que libera o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o crédito consignado.

Para os economistas, é preferível o BC ser mais duro agora e depois recuar do que apresentar uma orientação que seja interpretada como tolerante com a inflação.

“É preciso que mostra compromisso com a meta”, diz Saadia. “O mercado pune o contrário, quando o Banco Central é leniente e tem que ser duro depois para salvar”, conclui.

Na mesma linha, Lelis ressalta que os efeitos da política monetária demoram de seis meses a um ano para impactarem a inflação.

“A gente não imagina que vá ter uma sinalização de queda dos juros agora, mas também não deve sinalizar que vai continuar o ciclo de alta dos juros porque simplesmente ele pode não precisar disso lá na frente”, diz.

Em sua pesquisa pré-Copom, o BTG Pactual apurou que há uma divisão no mercado quanto à postura que deveria ser adotada pela autoridade monetária.

Cerca de 38% dos respondentes defendem que o Copom deveria manter a porta aberta e emitir um comunicado “sem indicação explícita para a próxima reunião (…)”.

Uma parcela ligeiramente menor diz que tom deveria ser “indicando que o Copom antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros na próxima reunião”.

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Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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