Num momento em que o país enfrenta uma taxa de desemprego de 11,2%, o presidente provisório Michel Temer pediu, nesta sexta-feira (8), a um grupo de empresários que deem preferência à contratação de pessoas formadas no exterior.
Em encontro promovido pela Confederação Nacional da Indústria, Temer disse que a mão de obra formada no exterior pode trazer informações tecnológicas ao Brasil.
O ministro da Fazenda Henrique Meirelles estimou, em declarações concedidas em maio, que a taxa de desemprego pode chegar a 14% neste ano.
“Nas suas empresas e empresas outras que forem conectadas com os senhores, se puderem dar preferência muitas vezes àqueles que se formaram no exterior, porque, queremos ou não, talvez venham bem formados com informações tecnológicas que auferiram no exterior”, pediu Temer.
O interino afirmou em seu discurso que estudantes que participaram do programa Ciência Sem Fronteiras têm encontrado dificuldades em conseguir emprego no país. “Tenho observado uma certa falha nesse programa, porque muitos vão ao exterior e, quando voltam, tendo em vista uma situação dramática que vivemos no país com mais de 11 milhões de desempregados, não conseguem emprego”, disse.
Segundo Temer, é preciso “prestigiar” a iniciativa privada, porque os empresários teriam a capacidade de ampliar os negócios e empregar mais pessoas.
“Eu encontro desempregados nas minhas andanças por aí, e desempregadas, que estão, digamos assim, sentindo-se excluídos da cidadania, em uma situação de absoluta indignidade, o que é incompatível com o texto constitucional”, declarou o presidente, que já anunciou que fará de tudo para mudar essa mesma Constituição que agora reverencia, de froma a excluir dela seu caráter social e cidadão.
Temer também mostrou-se simpático a uma proposta inusitada que o presidente da CNI, Robson Andrade, lhe fez: colocar pessoas afastadas do trabalho por problemas de saúde, como depressão, para trabalhar meio período – para não ficar “mais deprimido” em casa, defendeu.
“(Robson Andrade) me deu um exemplo claríssimo. Se ele está com depressão, se ficar em casa, é capaz de ficar mais deprimido. Então, quem sabe, em certos momentos, você pode usar essa fórmula. Enfim, são fórmulas, convenhamos, politicamente inovadoras e reveladoras de que a gestão pública tem que levar em conta esses fatos”, disse.
O presidente interino voltou a destacar que terá de tomar medidas impopulares a partir de um certo momento. “É preciso estabelecer, como estabelecendo estamos, alguns aprimoramentos da gestão pública. Dou exemplos singelos aos senhores porque um dia eu disse: ‘Em um dado momento, vamos precisar de medidas que podem não agradar no primeiro momento’. Digo no primeiro momento, porque subsequentemente as medidas tomadas irão agradar toda comunidade brasileira”, afirmou.
Após a reunião com Temer, o presidente da CNI causou polêmica, ao defender medidas duras para os trabalhadores como forma de equilibrar as contas do governo. Como exemplo, dicou a França, dizendo que o país aprovou uma carga horária de até 80 horas semanais para seus trabalhadores. No Brasil, a carga horária máxima permitida por lei é de 44 horas semanais. As centrais sindicais emitiram nota conjunta para rechaçar a proposta.
Maldades
O Diário Oficial da União já publicou a medida provisória que fixa o prazo máximo de 120 dias para cessação do auxílio-doença aos beneficiários que não têm data-limite fixada pela Previdência Social. A proposta determina a revisão dos benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, inclusive os concedidos judicialmente, com o objetivo de economizar mais de R$ 7 bilhões por ano.
Do Portal Vermelho, com agências