Um recém-nascido morreu congelado em um acampamento em Al-Mawasi, no sul de Gaza, na quarta-feira (25), destacando os enormes desafios de sobrevivência enfrentados pelas crianças palestinas deslocadas de suas casas devido ao contínuo ataque de Israel à faixa de Gaza.
Sela Mahmoud Al-Fasih “morreu congelada devido ao frio extremo” em Al-Mawasi, postou Dr. Munir Al-Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, no X (antigo Twitter) na quarta-feira.
Nas últimas 48 horas, Al-Fasih e pelo menos outros dois bebês – um de três dias e outro de um mês – morreram devido às baixas temperaturas e à falta de abrigo aquecido, informou o Dr. Ahmed Al-Farra, chefe de pediatria e obstetrícia no Hospital Nasser, em Khan Younis, à CNN.
Al-Mawasi, uma região costeira a oeste de Rafah, anteriormente designada por Israel como uma “área humanitária”, tem sido repetidamente atacada por Israel. Milhares de palestinos deslocados se mudaram para lá em busca de refúgio, vivendo por meses em tendas improvisadas feitas de tecido e nylon.
Imagens da CNN de um pátio em Al-Mawasi mostraram o pequeno corpo de Al-Fasih envolto em lençóis brancos, com seu pai de 31 anos, Mahmoud, segurando-a. Em outra cena, um grupo de jovens palestinos se agacha ao lado de seu túmulo.
“[Sela] morreu de frio”, disse sua mãe, Nariman, à CNN na quarta-feira. “Eu a estava aquecendo e segurando. Mas… [não] tínhamos roupas extras para aquecer essa menina.” O vídeo mostrou que o rosto de Al-Fasih estava azul.
O ataque de Israel, lançado após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, destruiu os bairros de Gaza, dizimou famílias inteiras e gerou uma crise humanitária de fome, deslocamento e doenças generalizadas. Mais de 45 mil palestinos foram mortos e 107 mil ficaram feridos, informou o ministério da saúde de Gaza na segunda-feira (23).
“Guerra contra as crianças”
Advogados de direitos humanos alertaram que as crianças palestinas estão sendo as maiores vítimas dos bombardeios e do cerco israelense.
Mais de 17.600 crianças foram mortas desde o início da guerra, disse o Dr. Al-Bursh, na quarta-feira. Uma criança em Gaza morre a cada hora, afirmou Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para refugiados palestinos, na terça-feira, citando dados da ONU.
Cerca de 17 mil crianças foram deixadas desacompanhadas ou separadas de seus pais e cuidadores, informou o Comitê Internacional de Resgate em outubro. Outras lutam para encontrar comida, água e aquecimento suficientes, já que o cerco de Israel esgotou os suprimentos.
As crianças não conseguem receber cuidados adequados no sistema médico, que foi paralisado pelos ataques de Israel, disseram médicos à CNN. Apenas 20% das unidades de cuidados neonatais estão operacionais na Faixa de Gaza, de acordo com o Dr. Al-Farra. Bebês prematuros estão morrendo devido à falta de suprimentos médicos, como ventiladores, enquanto os médicos são forçados a priorizar casos para salvar as vidas das crianças, afirmou ele.
Usando pouco mais do que as roupas do corpo – depois que muitos foram forçados a fugir dos bombardeios de Israel em roupas de verão, no início deste ano.
“Há mais de 14 meses, as crianças estão na linha de frente deste pesadelo… Em Gaza, a realidade para mais de um milhão de crianças é medo, total privação e sofrimento inimaginável”, disse Rosalia Bollen, especialista em comunicação da UNICEF, em um comunicado em 20 de dezembro.
“A guerra contra as crianças em Gaza é um lembrete gritante da nossa responsabilidade coletiva. Uma geração de crianças está suportando a violação brutal de seus direitos e a destruição de seus futuros.”
A CNN entrou em contato com as Forças de Defesa de Israel para comentar sobre as mortes dos três bebês em Al-Mawasi.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br