No último dia 2 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas alfandegárias em uma cerimônia que ele chamou de “Dia da Libertação”, impondo barreiras comerciais a diversos parceiros.
As medidas, parte de sua política “Make America Great Again” (em tradução livre, “Faça a América Grande Novamente”), visam atrair investimentos e empregos para o território americano.
Mais de 180 países foram afetados pelas tarifas de importação dos EUA e variam significativamente entre os países afetados. O Vietnã, por exemplo, enfrenta umas das taxas mais altas impostas por Trump, chegando a 46%, enquanto a China recebeu tarifas de 34%. Países do Mercosul, incluindo o Brasil, e o Reino Unido foram menos impactados, com tarifas de 10%.
As ações de Trump já provocaram retaliações. A China, por exemplo, impôs tarifas de 34% sobre importações americanas. Além disso, as medidas causaram instabilidade imediata nos mercados globais, com queda nas bolsas de valores e fuga de investidores para títulos do tesouro americano, considerados mais seguros.
Segundo o coordenador-geral do Grupo de Análise de Estratégia Internacional em Defesa, Segurança e Inteligência da Universidade de São Paulo (DSI-USP) Alberto Pfeifer, Trump atacou seus parceiros comerciais mirando o mercado doméstico dos EUA.
“Trump acertou o exterior, mirando o mercado doméstico. Ele atacou o front externo, causou grande instabilidade externa, mas não assegurou nada no front interno. Pelo contrário, forças oposicionistas, nos Estados Unidos, começam a se organizar tentando barrar essa escalada de medidas unilaterais e inesperadas de Trump”, avaliou.
Pfeifer aponta que os efeitos desejados por Trump podem demorar a se concretizar. De acordo com ele, o processo de atração de investimentos, planejamento corporativo e treinamento de mão de obra pode levar anos. Enquanto isso, “o aumento de preços e a possibilidade de inflação são riscos iminentes para a economia americana”, observa.
Quebra de confiança no sistema mundial de comércio
Ainda segundo o coordenador do DSI-USP, as medidas unilaterais de Trump representam uma ruptura no sistema de comércio global, baseado em vantagens mútuas entre parceiros. Essa quebra de confiança, ressalta Pfeifer, pode ter consequências de longo prazo para as relações comerciais internacionais.
“O resultado final dessas políticas ainda é incerto, mas a instabilidade no cenário internacional já é evidente”, concluiu.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br