Pesquisa revela que número de empreendedores negros cresceu 22% em 11 anos
Entre 2013 e 2023, o número de pequenos negócios liderados por empreendedores negros no Brasil cresceu 22%, superando a taxa dos donos de pequenos negócios chefiados por brancos, que no mesmo período registraram uma alta de 18%. Segundo estudo “Empreendedorismo Negro no Brasil sob a ótica da PNAD Contínua”, realizado pelo Sebrae, em 2013 existiam 12,8 milhões de pessoas negras donas de negócios e 11,7 milhões de pessoas brancas. Em 2023, esses números saltaram para 15,6 milhões e 13,8 milhões, respectivamente.
A pesquisa, de agosto de 2024, detectou também que, ao longo dos anos, os pardos e pretos donos de negócios estão mais escolarizados, aumentaram a renda e melhoraram a situação, saindo da informalidade e contribuindo em maior número com a Previdência. Entretanto, ainda não é o suficiente para se equiparar aos negócios comandados por empreendedores brancos, mostrando que ainda há uma grande lacuna em relação a estes. A proporção de empresários com CNPJ – indicador de formalidade, por exemplo, é18,6 pontos percentuais maior entre os empreendedores brancos, em relação aos pretos e pardos.
Na pesquisa, é considerado dono de negócio aquele que tem o empreendimento como trabalho principal, seja formal ou informal, e que possui ao menos um empregado, ou que trabalhem por conta própria, sozinhos ou com sócio, e que não possuem empregados.
Este mapeamento veio confirmar o que já se sabe há tempos: fortalecer o afroempreendedorismo é uma frente importante para combater as desigualdades socioeconômicas que afetam em especial pretos e pardos.
Para diminuir este hiato e apoiar os futuros empreendedores que queiram montar seu próprio negócio e os que já têm um negócio, formal ou informal estabelecido, há quatro anos foi criada a Fundação Instituto de Negócios e Afroempreendedorismo (FUNAFRO) por um grupo de especialistas em gestão corporativa e governança empresarial com mais de 30 anos de experiência no mercado, que analisaram as crescentes estatísticas de mortalidade dos afronegócios, alta de desemprego, identificação de racismo institucional, perda de direitos básicos criando um cenário desfavorável para o empresariado negro e seus diversos níveis de maturidade.
“A FUNAFRO tem como objetivo orientar o empreendedor negro de todas as classes sociais, sobretudo, os que vivem na periferia. Acreditamos que quando fortalecemos um afroempreendedor, ajudamos a combater as desigualdades. Uma das nossas finalidades é dar ferramentas para que se destaque o protagonismo dos empresários e empreendedores negros, ajudando–os a se realizarem pessoal e profissionalmente, a ter conquistas financeiras, sendo dono do seu próprio negócio. Para isso é preciso empreender com planejamento, inovação e segurança, sabendo que o ambiente empresarial é competitivo e os riscos que corremos devem ser calculados utilizando as ferramentas de gestão. Para ocupar espaços de poder é preciso estar preparado”, ressalta a presidente da entidade, Marilene Lima.
Com sede em Santo Amaro, Zona Sul da capital paulista, a FUNAFRO realiza cursos de capacitação em gestão empresarial e comportamento empreendedor. Por exemplo, uma das principais causas de mortalidade empresarial é a gestão do caixa – a maioria dos donos de negócios não separa as finanças pessoais e da empresa, o que gera perigos como descontrole financeiro, problemas fiscais, confusão na análise de desempenho e perda de credibilidade. Ensina a fazer planilha de fluxo de caixa- importante ferramenta de finanças- ajuda não só a controlar a entrada e a saída de dinheiro, mas garantir a saúde financeira da empresa e do empreendedor.
Também são ministradas palestras sobre “autoestima para os negócios”, explicando como o empreendedor negro deve lidar com situações adversas, no intuito de fortalecê-lo, ganhando autoconfiança na gestão empresarial.
Desde 2020, a FUNAFRO já capacitou cerca de 2.500 pessoas que tornaram-se empreendedores. A entidade acompanha o desempenho de cada empreendedor, como é o caso de Alexandre Magno, 48 anos, presidente da UESP (União das Escolas de Samba de São Paulo) e proprietário da Proart – Produção Artística- localizada na Zona Leste de São Paulo. A empresa produz e organiza eventos para o setor corporativo e governamental, como shows, pocket show, desfiles de escolas de samba, palestras e workshops.
Formando em Gestão Empresarial pela FATEC e com especialidade em Turismo pela PUC-SP, Magno fez o curso Empretec, realizado pela FUNAFRO e pelo SEBRAE-SP, em 2020.
“O curso é uma grande imersão. Ajuda a focar em metas, em prazos, e nos prepara para o mundo dos negócios. As dinâmicas ajudam a entender o trabalho como um todo: é preciso ter começo, meio e fim. Uma visão de futuro para encurtarmos alguns passos. A gente vê que muitas empresas, às vezes quebram, porque não conseguem traçar caminhos alternativos que levam ao sucesso, por desconhecerem como funciona o mundo empresarial que é competitivo demais e predador. É feito pra gente ser engolido pelos gigantes. E quando a gente está iniciando tem que saber qual é o nosso diferencial para sobrevivermos. Para isso é preciso encurtar alguns caminhos”, observou Magno.
Outro ponto destacado pelo empresário foi o fato do curso ser voltado para os empreendedores afros. “A FUNAFRO me possibilitou participar do 1º Empretec voltado para o público negro. Essa parceria com o SEBRAE reuniu somente empreendedores (as) negros e foi muito bom discutir no mesmo patamar, falarmos sobre as mesmas dores, sobre o racismo que nós negros empreendedores enfrentamos. O curso Empretec dá uma ampla visão empresarial. Sai de lá mais fortalecido, transformado porque valoriza muito o empreendedor negro”, afirmou.
Expandindo fronteiras
A FUNAFRO vem expandindo suas ações pelo país e conta com representante em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Desde 2020, a empreendedora Flávia Nunes, 36 anos, faz parte da entidade, auxiliando os afroempreendedores. Formada em Tecnologia de Alimentos e Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos,ela ajudou a criar o 1° Café de Afroempreendedores em Porto Alegre, uma parceria entre a FUNAFRO e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (UFCSPA) que ocorreram em duas edições este ano: outubro e novembro. E fez a oficina de gestão financeira na FUNAFRO.
“É uma grande felicidade fazer parte da FUNAFRO onde aprendi muito com os cursos de capacitação que oferecem aos empreendedores. Participei de uma oficia online de gestão financeira que foi muito importante para o meu aprendizado profissional”.
Flávia é fundadora da Aptidão Treinamento e Gestão de Alimentos em Bento Gonçalves que realiza cursos, mentorias e treinamentos sobre alimentos. As atividades são voltadas para interessados em todo Brasil e acontecem de forma online e presencial.
.Homenagens
Além disso, a FUNAFRO faz trabalho para inspirar e incentivar a trajetória empreendedora negros com a realização anual de premiações. Em 2024, a homenagem aconteceu durante o “IV Encontro Nacional de Mulheres Negras Empreendedoras e Empresárias”, em Salvador. Na categoria “Empreendedora de Sucesso” a homenageada foi Anna Telles. A empresária Rosemma Maluf foi a homenageada na categoria “Ella Fitzgerald”. E na categoria “Estrelas Além do Tempo” a homenagem foi para a Associação Protetora dos Desvalidos – SPD- Liga Margarida. A FUNAFRO conta com 3.100 empreendedores e candidatos ao empreendedorismo cadastrados nos ramos do comércio e serviços.
Balanço das atividades em 2024
2024 foi um ano extremamente positivo para a FUNAFRO. “Ampliamos nossas ações de capacitação, fortalecemos nossa rede de parceiros e mostramos ao mercado, com ações concretas, nosso compromisso em elevar o patamar do afroempreendedorismo desenvolvido no Brasil”, afirma Joaquim Xavier, um dos fundadores da entidade. “E a melhor maneira de encerrarmos a jornada deste ano foi entregar ao mercado de trabalho jovens aprendizes negros formados em um de nossos cursos”, completa Xavier.
No último dia 13 de dezembro foi realizado o encerramento da “Oficina de Empreendedorismo e Carreira” que contou com a participação de 30 jovens aprendizes do Nurap, entidade parceira da FUNAFRO. Os jovens, na faixa de 16 a 23 anos, trabalham na empresa multinacional alemã Bayer, e por meio da oficina de Empreendedorismo e Carreira com carga horária de 32 horas ministrada pela FUNAFRO, montaram uma empresa fictícia e um plano de negócios, aprendendo passo a passo os meios para criar uma empresa de sucesso e o comportamento necessário para fortalecer e expandir negócios que geram emprego, renda e, principalmente realização pessoal e profissional. “Damos todos os elementos para que esses jovens sejam os protagonistas de suas histórias. Isso é empoderar verdadeiramente”, afirma Marilene Lima, presidente da FUNAFRO.
Eventos que a participou ao longo deste ano
Entre outros destaques de 2024 estão a promoção do “IV Encontro Nacional de Mulheres Negras Empreendedoras e Empresárias”, realizado em Salvador, (Bahia) na sede do Ilê Ayê. O encontro reuniu lideranças empresariais e públicas, além de empresárias e representantes da sociedade civil organizada, e debateu temas como “A Mulher Negra no Mercado de Trabalho e o Sistema Estruturado ao Qual está Exposta”. E contou com 20 expositoras que venderam seus produtos com temáticas afro como: bijuterias, bolsas,casacos, tapetes, entre outros artesanatos.
Em novembro, na capital paulista, a FUNAFRO participou da “IV Expo Internacional Dia da Consciência Negra 2024”, feira promovida pela Prefeitura de São Paulo. Nos três dias do evento, seus dirigentes conversaram com o público, orientaram os empreendedores que querem ter seu próprio negócio, e coletaram informações junto a diversos expositores sobre os desafios do afroempreendedorismo brasileiro.
Com a finalidade de atender o maior número de empreendedores negros, a FUNAFRO participou também em novembro do “2º Encontro de Afroempreendedores, realizado na UFCSPA” (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul)– onde compareceram mais de 30 empresários negros gaúchos. O evento teve como objetivo promover ações de capacitação para empresários negros e abordou temas como: “Afroempreendedorismo sob a perspectiva do atendimento ao cliente” e “Comunicação estratégica em mídias sociais para pequenos empreendedores”.
“A FUNAFRO Brasil é o ponto de encontro para todos os afroempreendedores do país! Nossa missão é construir uma rede forte e acolhedora, onde cada história, negócio e ideia têm seu espaço e apoio. Criamos esta “casa” para conectar, inspirar e impulsionar o empreendedorismo negro de todas as regiões do país”, explica Xavier.
Sobre a FUNAFRO
A FUNAFRO é uma entidade sem fins lucrativos, cuja atuação visa atender aos candidatos a empresário (a), do futuro e empresários (as) já constituídos no mercado, contribuindo em todas as fases do negócio: desde a ideia do seu projeto, passando pela busca de informações e oportunidades, pelo planejamento estratégico, até a inovação tecnológica.
Oferece ferramentas para o desenvolvimento do plano de negócios e treinamento em gestão empresarial: Administração, Finanças, Marketing, Inovação Tecnológica, Recursos Humanos, Planejamento Estratégico e Autoestima – entre outras ferramentas, com um diferencial que se destaca do mercado: o processo de transferência de conhecimento é feito com 70% de atividades de forma prática e 30% de teoria, com número reduzido de participantes em no máximo 25 pessoas.
Tem parcerias institucionais com os poderes públicos no estado de São Paulo.Faz parte do Conselho Municipal da Prefeitura de São Paulo Afroempreendedor. É patrocinada pela Brazil Foundation que colabora com o instituto por meio do Fundo de Empreendedorismo Negro.
Idealizadores da FUNAFRO
A ideia de criar a entidade partiu de três profissionais liberais negros, bem sucedidos em suas carreiras: Marilene Lima, administradora de empresas e finanças e empresária; Joaquim Xavier, advogado especializado em Direito Empresarial e especialista em Gestão de Pequenos Negócios e Paulo Gonçalves, gestor de negócios, que perceberam, por meio de suas experiências profissionais, as dificuldades que o empreendedor negro enfrenta quando quer abrir seu próprio negócio, diferentemente do que ocorre com pessoas de outras etnias.
Presidente: Marilene dos Santos Lima
Administradora de Empresas Finanças, Diretora Operacional da Malha do Campo e Presidente da FUNAFRO.
- Graduada em 2007 pela UNOPEC – Faculdade de Ciências Gerenciais de São Paulo.
- Especialista em Administração pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado em 2013.
- Formada em março de 2023 pela FIA Business School no Cap Executivo de Administração e Negócios.
- Empreendedora no ramo de moda feminina e íntima desde 2007.
Diretor de Novos Negócios- Joaquim Xavier
Advogado especializado em Direito Empresarial, Cível, Família, Trabalhista, Previdenciário e Código de Defesa do Consumidor.
- Ex-consultor jurídico e gerente regional do Sebrae/SP, de 1996 até 2016, e moderador de atividades envolvendo empresários de vários segmentos.
- Professor de pós-graduação no curso de Gestão de Novos Negócios na disciplina “Características Empreendedoras, Supply Chain e Logística Integrada, Comunicação e Marketing, Controladoria e Finanças” nas Universidades Cruzeiro do Sul (Unicsul) e Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).
Diretor de Projetos – Paulo Gonçalves
Profissional com experiência há mais de 12 anos na área de Processos de Negócios, Qualidade e Meio Ambiente Internacionalista pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).
- Graduado em Gestão da Qualidade pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas)
- Gestor de Negócios e especialista em mapeamento e modelagem de processos de negócios em empresas de pequeno, médio e grande porte de diversos segmentos: metalurgia, usinagem, transportes, comércio e serviços, gráfica industrial, dentre outros.
Contatos da FUNAFRO:
Site: www.funafro.com.br
E-mail: [email protected]
Redes sociais: @funafrobrasil
Assessoria de Imprensa: Valéria Cintra
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