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Pesquisa inédita aponta impacto da IA Generativa no Direito e como a tecnologia está transformando o setor jurídico

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Profissionais que utilizam a IA com frequência destacam benefícios como automatizar tarefas repetitivas, otimizar a pesquisa jurídica e redigir documentos

Crédito: Freepik

Uma pesquisa inédita realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo (OAB SP), a Trybe, o Jusbrasil e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio), revelou um panorama abrangente sobre a adoção e percepção da Inteligência Artificial (IA) Generativa no setor jurídico. Com mais de 1.500 respostas coletadas em uma consulta online, o estudo destaca os perfis que utilizam essa tecnologia, os desafios enfrentados pelos profissionais e as oportunidades emergentes para o setor. O estudo pode ser acessado na íntegra neste link.

A iniciativa permitiu traçar um panorama do atual estágio de adoção da IA Generativa no setor jurídico brasileiro. O objetivo é orientar os próximos passos para capacitar profissionais e instituições diante da transformação digital, que avança rapidamente na área.

Os dados apontam que 55,1% dos entrevistados já utilizam IA Generativa em suas atividades profissionais, principalmente para análise e resumo de documentos, criação de peças jurídicas e pesquisas de doutrina e jurisprudência. Segmentando por perfil profissional, 50% dos advogados autônomos, 62% dos advogados de escritórios ou empresas privadas e 63% dos operadores do Direito no setor público fazem uso regular da tecnologia.

Entre os usuários frequentes, 53% utilizam aplicações da IA Generativa no seu dia a dia para realizar análise, resumo e criação de documentos e peças jurídicas, e 39% para pesquisa de doutrina e jurisprudência. As ferramentas mais usadas por este grupo são ChatGPT (89%), Jusbrasil (62%) e Gemini (46%). Os profissionais que fazem uso frequente da tecnologia destacam benefícios como automatizar tarefas repetitivas, otimizar a pesquisa jurídica e redigir documentos. Apesar dos benefícios apontados, o estudo também trouxe os desafios apontados pelos profissionais.

As preocupações éticas, como vieses e subjetividade, são citadas por mais de 44% dos usuários frequentes, enquanto 38% do grupo sem adesão e 44% do grupo com pouca adesão. Outros desafios incluem a falta de supervisão humana adequada (44% dos usuários frequentes, 34% dos sem adesão, 42% dos com pouca adesão). Além disso, usuários sem adesão e com pouca adesão também citam dependência excessiva da IA sem validação humana (39% e 40%, respectivamente).

Um dado que emerge da pesquisa é que, independentemente de usarem ou não a IA Generativa, a maioria dos profissionais enxerga a capacitação como essencial para o uso eficaz desta tecnologia. Entre os usuários frequentes, 86% acreditam que a formação contínua é fundamental para a adoção da IA, e 76% dos profissionais que ainda não utilizam a tecnologia também reconhecem a importância dessa capacitação.

Mais sobre a pesquisa

A pesquisa contou com mais de 1.500 participantes voluntários, abrangendo operadores do Direito de todas as regiões do Brasil. No entanto, a amostra não é estatisticamente representativa da totalidade dos profissionais da área. A divulgação realizada pelos canais das entidades organizadoras pode ter introduzido vieses, especialmente em relação à distribuição geográfica, ao nível de escolaridade e ao interesse pela tecnologia de IA Generativa. Como a participação foi espontânea, é provável que os respondentes já tenham maior engajamento com o tema, refletindo uma visão mais favorável à sua adoção. Assim, os resultados devem ser interpretados de forma relativa, considerando as limitações da amostra e os possíveis vieses metodológicos.

O levantamento também identificou diferentes perfis de profissionais em relação à IA Generativa, entre eles os usuários frequentes, que utilizam a tecnologia com frequência; os profissionais sem ou com pouca adesão; além de entusiastas, céticos e neutros. Além disso, a maioria dos participantes tem mais de 35 anos (85%) e está concentrada nos grandes centros urbanos. Em relação ao gênero, 56% dos respondentes são homens, 3% são mulheres e 1% preferiu não responder/outro gênero. 71% possui pós-graduação, mestrado ou doutorado, além de uma renda familiar acima da média brasileira.

O perfil dos respondentes se aproxima do primeiro estudo demográfico da advocacia brasileira, lançado no ano passado, produzido pela OAB Nacional com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nele, 55,3% dos entrevistados têm entre 24 e 44 anos, 23,7% entre 45 e 59 e 20,6% tem 60 anos ou mais. Além disso, a maioria (51,4%) dos advogados está concentrada na região sudeste do país, seguido pelo nordeste (16,8%) e sul (16,6%). Sobre o gênero, 50,4% são mulheres e 49%, homens.

Sobre a OAB SP

Fundada em 1932, a OAB SP nasceu para apoiar e defender os advogados e advogadas paulistas. Ao defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos e a justiça social, a entidade contribui com a consolidação das instituições democráticas e da cidadania brasileira. É a maior secional do país. São mais de 380 mil profissionais inscritos, quase 3 mil estagiários(as) e mais de 30 mil sociedades. A OAB SP ainda se faz presente em todo o estado de São, por meio de 257 Subseções.

Sobre a Trybe

Fundada em 2019, a Trybe é uma escola de tecnologia e inteligência artificial voltada para pessoas que buscam iniciar seus estudos, fazer uma transição de carreira ou progredir em suas profissões com o aprendizado de habilidades relacionadas à tecnologia e Inteligência Artificial. Todos os cursos oferecidos são orientados para o mercado de trabalho, com foco no desenvolvimento de habilidades e competências demandadas por empresas, por meio de atividades práticas.

Sobre o Jusbrasil

O Jusbrasil nasceu na Bahia, há 16 anos, e é a maior plataforma de inteligência jurídica do Brasil, conectando milhões de pessoas a informações que simplificam o entendimento e o acesso à justiça. Reconhecida em 2024 como a empresa brasileira mais promissora no uso de inteligência artificial generativa pelo ranking global da StarBlink,o Jusbrasil tem contribuído para profissionais do Direito e cidadãos, oferecendo também maior confiança a empresas e organizações nas suas decisões jurídicas.

Sobre o ITS Rio

O ITS é uma associação civil sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento de pesquisas e projetos sobre o impacto social, jurídico, cultural e político das tecnologias de informação e comunicação. Com ampla atuação internacional, derivada da experiência e trabalho em sua área específica acumulada por mais de 10 anos por parte dos seus fundadores, o ITS é organizado no modelo de think tank independente. O ITS realiza pesquisas orientadas ao atendimento do interesse público e que gerem reflexões e propostas que avancem o diálogo democrático, a proteção dos direitos humanos e proporcionem impactos relevantes na formação e execução de políticas públicas e práticas privadas. Formado por professores e pesquisadores de diversas instituições como UERJ, PUC-Rio, FGV, IBMEC, ESPM, MIT Media Lab, dentre outras, o ITS conta com uma rede de parceiros nacionais e internacionais. Mais informações: https://itsrio.org.

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